Produtores rurais do RS acumulam R$ 72,8 bilhões em dívidas, aponta Farsul

Estudo detalha vencimentos, inadimplência e alerta para pressão financeira em 2025

Produtores rurais do RS acumulam R$ 72,8 bilhões em dívidas, aponta Farsul
Ilustrativa

Os produtores rurais do Rio Grande do Sul acumulam uma dívida total de R$ 72,82 bilhões junto ao sistema financeiro, segundo nota técnica divulgada pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul).

O valor engloba débitos renegociados e não renegociados e preocupa pelas cifras elevadas já vencidas e não pagas.

O estudo, intitulado “Análise do Estoque, Vencimento e Inadimplência das Dívidas dos Produtores Rurais do Rio Grande do Sul em março de 2025”, foi elaborado com base em dados de instituições que operam crédito rural no estado.

Segundo a Farsul, do total apurado, R$ 1,26 bilhão refere-se a contratos vencidos, montante considerado expressivo para este período do ano.

O levantamento divide os produtores em três grupos: Pronaf (agricultura familiar), Pronamp (médios) e os demais (grandes). A análise segmenta as dívidas entre renegociadas e não renegociadas, detalhando prazos de vencimento e índices de inadimplência.

Dívidas Renegociadas

O volume renegociado chega a R$ 22,28 bilhões, sendo:

  • R$ 5,66 bilhões (25%) do Pronaf

  • R$ 4,61 bilhões (21%) do Pronamp

  • R$ 12,01 bilhões (54%) dos demais produtores

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Desse total, R$ 21,6 bilhões ainda estão dentro do prazo, com R$ 5,49 bilhões programados para 2025. A inadimplência média neste grupo é de 3,1%, com destaque para os grandes produtores, que registram 4,5% — o maior índice entre os segmentos.

Os valores vencidos e não pagos somam R$ 684,6 milhões, dos quais:

  • R$ 58,8 milhões (Pronaf)

  • R$ 82,6 milhões (Pronamp)

  • R$ 543,2 milhões (demais produtores)

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Dívidas Não Renegociadas

As dívidas que ainda não passaram por renegociação totalizam R$ 50,53 bilhões:

  • R$ 18,71 bilhões (Pronaf)

  • R$ 11,80 bilhões (Pronamp)

  • R$ 20,02 bilhões (demais produtores)

Desse total, R$ 49,96 bilhões ainda estão dentro do vencimento, com R$ 22,23 bilhões marcados para 2025. A inadimplência é menor nesse grupo: 1,1%. No entanto, os débitos vencidos e não pagos já somam R$ 575,9 milhões.

Consolidação Geral

Ao somar os dois blocos, o estoque total da dívida rural gaúcha se distribui da seguinte forma:

  • R$ 24,36 bilhões no Pronaf

  • R$ 16,41 bilhões no Pronamp

  • R$ 32,04 bilhões nos demais produtores

A inadimplência média geral está em 1,7%. O índice sobe conforme o porte:

  • 0,8% no Pronaf

  • 0,9% no Pronamp

  • 2,9% nos demais produtores

Farsul alerta para a necessidade urgente de medidas voltadas especialmente aos grandes produtores, que concentram o maior risco de crédito.

Finalidade do Crédito

O estudo também detalha as dívidas por finalidade:

  • Renegociadas: R$ 11,13 bilhões em custeio e R$ 11,15 bilhões em investimentos

  • Não renegociadas: R$ 25,62 bilhões em custeio e R$ 24,91 bilhões em investimentos

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A inadimplência nos créditos de custeio é mais alta, chegando a 4,9% entre os valores renegociados. Já os financiamentos voltados a investimentos apresentam menor risco, com inadimplência de 1,2%.

O total de dívidas com vencimento programado para 2025 chega a R$ 27,72 bilhões, sendo:

  • R$ 22,32 bilhões em custeio

  • R$ 5,41 bilhões em investimentos

Segundo a Farsul, essa concentração de vencimentos de curto prazo impõe pressão sobre a liquidez do setor e reforça a necessidade de medidas emergenciais diante do cenário de endividamento e perdas de safra. 

A federação defende uma política de securitização — reunindo dívidas em um único contrato de longo prazo —, com prioridade para produtores que já estão inadimplentes ou próximos disso.

FONTE: AgrofyNews
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