O que muda com o selo de carne baixo carbono lançado pela Embrapa
Nova certificação apresentada na COP30 identifica propriedades que reduzem emissões, ampliam a produtividade e adotam práticas sustentáveis auditáveis
A Embrapa apresentou no domingo (16), durante a COP30, no Pará, uma certificação inédita para a pecuária brasileira: o Selo Carne Baixo Carbono (CBC).
A proposta é identificar e valorizar propriedades rurais que adotam sistemas produtivos capazes de reduzir emissões de gases de efeito estufa, combinando intensificação sustentável e conservação ambiental.
Criado a partir do Protocolo Carne Baixo Carbono, que foi desenvolvido pela Embrapa em parceria com a MBRF e apoio da organização Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, o selo estabelece critérios técnicos e indicadores auditáveis para medir o desempenho ambiental das fazendas.
Entre as práticas previstas estão integração lavoura-pecuária (ILP), pastagens de alto desempenho, recuperação de áreas degradadas e manejo mais eficiente de solo e água.
Além de ampliar a produtividade, esses sistemas favorecem a captura de carbono no solo e na vegetação, reduzindo o impacto climático da atividade e diminuindo a pressão por abertura de novas áreas.
A certificação, segundo a Embrapa, permitirá ao consumidor identificar carne bovina produzida segundo padrões ambientais rigorosos e auditáveis.
Avaliação de especialistas e impactos ao produtor
Para Natália Grossi, analista de cadeias agropecuárias da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, a iniciativa dialoga com metas já previstas no Plano ABC+.
“Apoiamos iniciativas como esta que aceleram a adoção de tecnologias de baixo carbono previstas no Plano ABC+, política do governo brasileiro para mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O protocolo CBC é um pacote técnico muito completo e ganha ainda mais relevância com esta certificação, podendo posicionar o Brasil como liderança global em agricultura sustentável.”
Ela ressalta que os ganhos ao produtor vão além do reconhecimento ambiental. “Pastos mais produtivos, valorização da carne, acesso a mercados mais exigentes e aumento da resiliência da fazenda — com solos mais férteis e menos vulneráveis às mudanças climáticas.”
Embrapa destaca avanço institucional

A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, afirma que o selo marca uma nova etapa para a pecuária brasileira. “Com o selo, damos um passo decisivo na consolidação de uma cadeia de carne bovina de baixo carbono, transparente, auditável e capaz de gerar valor tanto para o produtor quanto para o consumidor. Trata-se de um avanço que reforça a liderança do Brasil na agenda da agricultura sustentável e na implementação das tecnologias do Plano ABC+.”
Ela acrescenta que o protocolo traduz, em critérios mensuráveis, o compromisso setorial com a redução de emissões e a valorização das boas práticas agropecuárias.
Uso do selo pela indústria
A certificação será adotada pela MBRF, uma das maiores empresas globais de alimentos e responsável pelo Programa Verde+, criado em 2020.
A companhia trata o CBC como um reforço à estratégia de monitoramento e descarbonização da cadeia bovina.
“Promovemos ações contínuas para uma pecuária de baixo carbono, 100% monitorada, livre de desmatamento e inclusiva. A Carne Baixo Carbono é um reconhecimento que valida nossos esforços e destaca a importância da integração entre ciência e campo para reduzir emissões, impulsionar a sustentabilidade e mostrar que o agro é — e deve ser — parte da solução climática global”, afirma Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade da MBRF.
Massruhá reforça que a parceria entre Embrapa e MBRF é um marco na agenda ambiental do setor.
“Essa certificação é resultado direto da ciência aplicada ao campo e da união entre o setor público e o setor privado em torno de um mesmo propósito: produzir mais, com menor impacto ambiental.”
Perspectivas
A expectativa dos parceiros é que o Selo Carne Baixo Carbono se consolide como referência para a transição da pecuária nacional a modelos de menor impacto climático, contribuindo para as metas de descarbonização assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris.








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