Japão envia missão de auditoria ao Brasil e negociação por carne bovina ganha força
Equipe japonesa inspeciona frigoríficos e avalia sistema sanitário em três estados brasileiros

O Brasil recebeu, entre os dias 9 e 13 de junho, uma missão oficial do Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca do Japão (MAFF), como parte das tratativas para a abertura do mercado japonês à carne bovina brasileira.
A visita marca uma nova fase no processo de análise de risco conduzido pelo governo japonês, após o reconhecimento do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação.
A comitiva percorreu estruturas do Serviço Veterinário Oficial (SVO) nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, além de reuniões em Brasília, onde foram recebidos pelo secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, e pelo diretor de Saúde Animal, Marcelo Mota.
Auditoria técnica em três estados
Em Santa Catarina, os técnicos japoneses conheceram a estrutura sanitária do estado em visita à Unidade Veterinária Local da Cidasc, em Biguaçu, além de reuniões com a Superintendência de Agricultura e Pecuária (SFA/SC).
O estado é reconhecido internacionalmente por seu status sanitário e já exporta carne suína ao Japão.
No Rio Grande do Sul, a missão passou por Uruguaiana, na fronteira com a Argentina, onde foi apresentado o Programa Sentinela — iniciativa de vigilância ativa de doenças, conduzida pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).
Os japoneses também conheceram o posto do Vigiagro no município.
Já no Paraná, os auditores visitaram os escritórios regional e local da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) em Cascavel, e participaram de reunião técnica em Curitiba, com foco na rastreabilidade, controle sanitário e logística de trânsito animal.
“Essa missão tem por objetivo a abertura do mercado japonês para a carne bovina e suína, vindo após o reconhecimento do Brasil como área livre de febre aftosa sem vacinação”, explicou Rosane Collares, diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal do RS.
Segundo Rafael Gonçalves Dias, chefe do Departamento de Saúde Animal da Adapar, o encontro representou uma etapa fundamental.
“Finalizamos essa etapa crucial neste processo de estreitar relação com o Japão. Eles tiveram acesso a informações do nosso serviço sanitário como um todo. A delegação japonesa irá elaborar um relatório formal sobre o tema e outras etapas ainda serão feitas.”
Abertura parcial e pressão por ampliação
A expectativa é que, em um primeiro momento, a liberação japonesa contemple apenas os estados que já eram reconhecidos como livres de febre aftosa sem vacinação antes de 2025: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Acre e Rondônia.
Isso ocorre porque esses estados já tinham histórico validado anteriormente pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), o que oferece maior segurança técnica e jurídica aos países importadores.
Os japoneses também conheceram o posto do Vigiagro no município.
Já no Paraná, os auditores visitaram os escritórios regional e local da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) em Cascavel, e participaram de reunião técnica em Curitiba, com foco na rastreabilidade, controle sanitário e logística de trânsito animal.
“Essa missão tem por objetivo a abertura do mercado japonês para a carne bovina e suína, vindo após o reconhecimento do Brasil como área livre de febre aftosa sem vacinação”, explicou Rosane Collares, diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal do RS.
Segundo Rafael Gonçalves Dias, chefe do Departamento de Saúde Animal da Adapar, o encontro representou uma etapa fundamental.
“Finalizamos essa etapa crucial neste processo de estreitar relação com o Japão. Eles tiveram acesso a informações do nosso serviço sanitário como um todo. A delegação japonesa irá elaborar um relatório formal sobre o tema e outras etapas ainda serão feitas.”
Embora o Brasil tenha obtido o reconhecimento nacional em maio de 2025, o Japão — conhecido por suas exigências rigorosas — tende a limitar a aprovação inicial a áreas com certificação sanitária mais consolidada.
O Ministério da Agricultura trabalha para que a abertura contemple todo o território brasileiro, argumentando que o sistema de vigilância atual é padronizado e eficaz em todo o país.
Visita de Lula ao Japão destravou negociações
O avanço nas negociações é resultado direto da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Japão, em março.
Na ocasião, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, propôs acelerar o processo, criando um grupo técnico bilateral e anunciando o envio de especialistas ao Brasil — o que se concretizou com a missão recém-concluída.
As tratativas se arrastam há mais de duas décadas.
O Japão importa cerca de 70% da carne bovina que consome — movimentando cerca de US$ 4 bilhões anuais — e concentra suas compras em parceiros tradicionais como Estados Unidos e Austrália. Com o novo status sanitário, o Brasil passa a cumprir um dos principais requisitos para disputar esse mercado.
A carne bovina é o quarto item mais exportado pelo país, atrás apenas da soja, petróleo bruto e minério de ferro.
Santa Catarina firma parceria para exportar grãos ao Japão
Enquanto isso, Santa Catarina assinou uma Carta de Intenções com o Japão, com foco em ampliar a exportação de grãos e atrair investimentos em logística.
O documento foi firmado pelo governador Jorginho Mello em 18 de junho, em Tóquio, com representantes do MAFF e do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MOFA).
O acordo prevê a criação de uma rede logística eficiente para exportação de grãos, com destaque para o Porto de São Francisco do Sul, considerado estratégico para o abastecimento do mercado asiático.
Além da logística, o acordo prevê estímulo à presença de empresas japonesas no estado, especialmente nos setores agrícola, alimentício e de infraestrutura. A carta tem validade inicial de dois anos e abre espaço para estudos técnicos e novos acordos formais.
No dia seguinte, 19 de junho, o governador catarinense se reuniu com representantes da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) para discutir obras estruturantes no Vale do Itajaí, incluindo a criação de um canal de escoamento em Navegantes e a construção de um túnel em Blumenau.
A proposta é ampliar a capacidade de vazão do Rio Itajaí-Açu, protegendo cidades historicamente afetadas por enchentes. A obra em Navegantes é considerada prioritária e abriria caminho para outras intervenções a montante, sem causar impactos negativos a jusante.
Hits: 50
Comentários (0)
Comentários do Facebook