Granizo devasta o Sul: produtores sofrem prejuízos e comunidades estão em situação de emergência

Estados como Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina registraram danos generalizados e mobilizam ações emergenciais; Rio Verde (GO) também foi afetada

Granizo devasta o Sul: produtores sofrem prejuízos e comunidades estão em situação de emergência
Ilustrativa

Um intenso episódio de chuvas intensas e granizo afetou diversas regiões do Sul do Brasil e Goiás no fim de semana, provocando estragos relevantes para produtores rurais, residências, escolas e serviços públicos.

Estados como Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina registraram danos generalizados e mobilizam ações emergenciais para atendimento imediato e recuperação das áreas afetadas.

Erechim no Olho da Crise

No Rio Grande do Sul, o município de Erechim foi um dos mais atingidos. Uma forte queda de granizo na tarde de 23 de novembro impactou mais de 34 mil pessoas.

Ao menos 200 moradores ficaram feridos e receberam atendimento em hospitais e unidades de pronto-atendimento. Residências, vias públicas, unidades de saúde e prédios privados sofreram estragos. 

Vinte e uma escolas estaduais foram danificadas, o que levou à suspensão das aulas nas redes municipal, estadual e em instituições privadas conveniadas.

A prefeitura decretou situação de emergência e informou que a Defesa Civil estadual havia emitido três alertas nas horas anteriores ao temporal, que teria sido provocado pela combinação de calor, alta umidade e uma área de baixa pressão atmosférica.

Impactos na Agricultura Local

A zona rural também registrou prejuízos consideráveis. Segundo o secretário de Agricultura de Erechim, William Racoski, lavouras de trigo, pomares e plantios de milho foram severamente afetados. O prédio da própria secretaria sofreu destelhamentos e muitos servidores tiveram suas casas danificadas. Para auxiliar famílias em situação vulnerável, o governo do Rio Grande do Sul autorizou um repasse emergencial de R$ 1,5 milhão para a compra de telhas.

Equipes da Defesa Civil seguem no município realizando novos levantamentos para orientar as próximas ações de assistência.

Paraná: replantio de soja e alagamentos em Ponta Grossa

No Paraná, o município de Ponta Grossa registrou forte temporal de granizo no dia 24 de novembro, com pedras de até três centímetros. O evento provocou destelhamentos, alagamentos e danos a telhados de comércios, incluindo supermercados.

Segundo relatório do Deral, cerca de 270 mil hectares de lavouras foram impactados e muitos produtores deverão arcar com custos adicionais para replantar a soja.

 

AGORA | Parece neve: granizo em enorme quantidade cobre de gelo cidade do Paraná e causa estragos. https://t.co/aqZ403dBTL pic.twitter.com/2tdM5xodiK — MetSul.com (@metsul) November 24, 2025

 

A Aprosoja Paraná afirma que o clima instável já vinha prejudicando o desenvolvimento das lavouras e que o replantio pode comprometer a rentabilidade da safra.

O governo estadual enviou lonas, kits dormitório, telhas e colchões para atendimento emergencial, distribuídos em dois quartéis do Corpo de Bombeiros e no Ginásio de Esportes do Santa Mônica.

Outras cidades da região, como Guarapuava, Nova Laranjeiras e Laranjeiras do Sul, também registraram queda de granizo.

Santa Catarina: Cidades Decretam Emergência e Agricultores em Alerta 

Em Santa Catarina, vários municípios decretaram situação de emergência após os temporais. Ibirama, Cunha Porã e União do Oeste estão entre os mais atingidos. Em Ibirama, 51 casas foram danificadas e nove pessoas ficaram desalojadas. A prefeitura já distribui lonas e telhas de fibrocimento para as famílias afetadas.

Com o solo encharcado após dias de chuva, o risco de enxurradas, deslizamentos e erosões aumenta significativamente, segundo a Defesa Civil estadual. 

Pelo menos 25 municípios catarinenses sofreram impactos severos desde sábado. Até esta segunda-feira, 361 residências haviam sido danificadas e 113 pessoas precisaram deixar suas casas.

O Vale do Itajaí concentrou os maiores acumulados, com 100 milímetros de chuva em seis horas. Em Luiz Alves, bairros inteiros ficaram submersos.

O produtor rural Édson Marcos Schroeder Júnior relatou que sua propriedade foi tomada pela água em poucos minutos. Com a ajuda de um primo, improvisou caiaques para resgatar aproximadamente 20 cabeças de gado do avô e conduzi-las a uma área mais alta e segura. Os animais agora passam por limpeza e aguardam reposição de ração.

Goiás também contabiliza prejuízos

Fora da região Sul, o município de Rio Verde (GO), importante polo do agronegócio goiano, enfrentou um forte vendaval. Em poucos minutos, rajadas de vento superiores a 90 quilômetros por hora e cerca de 80 milímetros de chuva causaram danos a equipamentos públicos, interromperam serviços essenciais e deixaram moradores assustados.

Árvores foram arrancadas, residências destelhadas, vias bloqueadas e a cobertura de um posto de combustível desabou. Unidades de saúde também tiveram danos. Ao todo, 14 postos interromperam o atendimento e o serviço do SAMU 192 segue fora do ar.

Cenário desafiador para o agro

No Rio Grande do Sul, culturas como trigo e milho para silagem sofreram perdas significativas. No Paraná, os custos de replantio da soja devem pressionar ainda mais as margens dos produtores. A destruição de pomares e hortas reduz a oferta de hortigranjeiros e pode afetar o abastecimento local.

A infraestrutura de apoio ao produtor, incluindo prédios públicos, também foi danificada, o que dificulta a retomada das atividades e o acesso a serviços. Escolas e unidades de saúde atingidas precisam de reparos urgentes.

Especialistas avaliam que episódios climáticos extremos como esse têm se tornado mais frequentes, o que evidencia a vulnerabilidade da produção agrícola.

Estratégias de adaptação, contratação de seguros rurais mais robustos e políticas públicas consistentes são apontadas como essenciais para mitigar os impactos sobre produtores e comunidades.