Projeção da safra 2025 mostra leve recuo na produção agrícola brasileira, mas valor bruto segue elevado
A área colhida também apresenta recuo, com estimativa de 78,9 milhões de hectares, o que representa queda de 1,3% em relação ao ano anterior.

Mesmo com retração de 5,3% na estimativa da produção nacional de grãos, cereais, leguminosas e oleaginosas em 2025, em comparação com o recorde registrado no ano passado, o desempenho econômico do setor segue robusto, refletindo preços favoráveis e boa produtividade em culturas de alto valor agregado. Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A produção nacional está estimada em 297,5 milhões de toneladas — 16,6 milhões de toneladas a menos que em 2024, quando a safra somou 314,1 milhões de toneladas, a maior já registrada no país. Segundo o IBGE, a redução é puxada principalmente pela soja e pelo milho, que respondem por mais de 90% da produção de grãos brasileira.
A área colhida também apresenta recuo, com estimativa de 78,9 milhões de hectares, o que representa queda de 1,3% em relação ao ano anterior. Já o rendimento médio das lavouras deve recuar 4,1%, indicando o impacto de fatores climáticos, como estiagens e temperaturas elevadas em regiões produtoras.
O economista e gerente da pesquisa, Carlos Barradas, explica que a redução na área plantada e nos rendimentos reflete o comportamento do mercado agrícola em 2024 e a expectativa dos produtores para 2025. “Os preços mais baixos de algumas commodities e os custos ainda elevados da produção influenciaram na decisão dos agricultores, especialmente em estados como Mato Grosso, Goiás e Paraná”, afirma.
Entre os produtos com queda significativa na produção estão o milho (-13,2%), a soja (-3,9%), o algodão (-6,5%) e o arroz (-4,7%). A exceção é o trigo, que deve apresentar crescimento de 6,3%, com estimativa de 10,8 milhões de toneladas, impulsionado por melhores expectativas climáticas e de mercado.
Apesar da redução em volume, o valor bruto da produção (VBP) agrícola permanece elevado, sustentado por preços internacionais ainda atrativos para soja e milho, e pelo aumento do dólar no primeiro trimestre do ano.
“A combinação de produtividade relativamente estável em áreas estratégicas e câmbio favorável tem permitido que o agro continue gerando receita elevada e contribuindo com o saldo da balança comercial brasileira”, observa Barradas.
No recorte regional, o Centro-Oeste segue liderando a produção nacional, com 46,7% do total, seguido pelo Sul (28,7%), Sudeste (10,6%), Nordeste (8,5%) e Norte (5,5%). Mato Grosso permanece como principal produtor agrícola do país, com participação de 27,2% na produção nacional, apesar da expectativa de queda de 5,9% no volume colhido em relação a 2024.
A perspectiva para os próximos meses será influenciada por fatores climáticos, como o comportamento das chuvas no inverno e as previsões do fenômeno La Niña, além das decisões dos produtores frente ao Plano Safra 2025/2026, que deve ser anunciado em breve pelo governo federal. O desempenho da safra terá reflexos diretos sobre os custos dos alimentos, a inflação e o PIB do setor agropecuário neste ano.
Com informações do IBGE
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