Exportação de gado vivo mais que dobra no início de 2025 e pode bater recorde histórico
Setor projeta 1,5 milhão de cabeças até o fim do ano

A exportação de bovinos vivos, também conhecida como “gado em pé”, voltou a ganhar força no agronegócio brasileiro.
Entre janeiro e abril de 2025, o Brasil embarcou 118,2 mil toneladas, o que representa um crescimento de 106% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram exportadas 57,3 mil toneladas.
A receita no quadrimestre ultrapassou US$ 286,5 milhões, mais que o dobro dos US$ 125,8 milhões registrados no ano anterior. Os números confirmam a retomada e a expansão do setor.
Em todo o ano passado, o país exportou cerca de 366 mil toneladas, com alta de 84% em volume e quase 70% em valor na comparação com 2023.
Para os primeiros quatro meses de 2025, estima-se o embarque de aproximadamente 300 mil cabeças de gado.
Oriente Médio e Norte da África lideram compras
A demanda internacional segue impulsionada por países com tradição muçulmana, que preferem realizar o abate local segundo normas religiosas e sanitárias, como o protocolo halal.
A Turquia lidera as aquisições, com 30,4% de participação, seguida por Egito (29,4%), Marrocos (13,6%), Líbano (9,9%), Iraque (8,6%), Arábia Saudita (5,6%), Argélia (3,9%), Jordânia (1,6%), Gabão (0,3%) e Nigéria (0,03%).
Pará mantém liderança nas exportações
Entre janeiro e abril de 2025, o Pará se consolidou como o maior exportador de bovinos vivos do país, respondendo por 64,8% do total embarcado — equivalente a 194,8 mil cabeças. Em receita, o estado somou US$ 179,9 milhões, o que representa 62,8% do valor nacional no período.
Outros estados também participaram da rota de exportação, com destaque para:
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Rio Grande do Sul – 77,1 mil cabeças
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São Paulo – 11,5 mil
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Tocantins – 9,1 mil
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Paraná – 3,2 mil
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Acre – 1,5 mil
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Bahia – 1,4 mil
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Goiás – 939
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Minas Gerais – 665
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Mato Grosso – 205
A exportação de gado vivo tem atuado como estratégia de escoamento da produção, aliviando a oferta no mercado interno e ajudando a equilibrar os preços pagos ao produtor, especialmente em estados com histórico de valores defasados, como o Pará.
A prática também serve como mecanismo para regular o mercado e reduzir excedentes.
Potencial genético e novos mercados
Além do abate, o envio de animais vivos com alto valor genético tem ganhado espaço como instrumento de melhoramento de rebanhos em países compradores.
Embora seja uma operação mais cara e logística complexa, o comércio de gado reprodutor encontra demanda em mercados específicos.
Segundo a Scot Consultoria, a expectativa é de que o Brasil feche 2025 com até 1,5 milhão de cabeças embarcadas, o que colocaria o ano entre os maiores da história do setor.
No campo institucional, o Brasil tem avançado na abertura de novos mercados. Um exemplo recente é a autorização para exportações de bovinos vivos com fins reprodutivos para a Turquia, com estimativa de movimentação na casa dos R$ 300 milhões.
Pressões e desafios
Apesar do crescimento, o setor enfrenta resistência. Entidades de proteção animal questionam o bem-estar durante o transporte e o abate.
A legalidade da exportação de gado vivo chegou a ser discutida na Justiça, mas decisão recente da Justiça Federal manteve a autorização para a prática, alegando que a regulamentação deve caber ao Poder Legislativo.
Empresas do setor também reavaliam sua atuação nesse mercado, citando riscos como volatilidade nos preços, custos logísticos elevados e desafios operacionais.
Ainda assim, a demanda internacional e as margens atraentes mantêm o “gado em pé” como uma alternativa real e estratégica para parte dos pecuaristas brasileiros.
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