Balança comercial brasileira tem superávit recorde em março e governo revisa para cima projeção de exportações em 2025
Balança comercial brasileira tem superávit recorde em março e governo revisa para cima projeção de exportações em 2025

O Brasil registrou em março de 2025 o maior superávit comercial para o mês desde o início da série histórica, com saldo positivo de US$ 8,9 bilhões. O desempenho robusto reflete o bom momento das exportações, em especial do agronegócio, e a retração das importações, influenciada pela valorização do dólar e por ajustes na atividade econômica doméstica.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportações brasileiras totalizaram US$ 31,3 bilhões no mês, enquanto as importações somaram US$ 22,4 bilhões. O resultado do mês reforça a tendência positiva observada ao longo do primeiro trimestre do ano, e já impacta diretamente as projeções para o desempenho anual do comércio exterior brasileiro.
Trimestre forte impulsiona revisão nas projeções
Com o bom desempenho dos três primeiros meses do ano, o governo revisou para cima a estimativa de superávit da balança comercial em 2025. A nova projeção indica que o saldo comercial deverá alcançar US$ 82,2 bilhões até o fim do ano, o que representa um crescimento de 15,2% em relação ao superávit registrado em 2024, que foi de US$ 71,3 bilhões.
A revisão também contempla alta nas exportações, que devem crescer 2,5% em 2025, atingindo US$ 346,6 bilhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior. Já as importações devem manter-se praticamente estáveis, com previsão de US$ 264,4 bilhões, o que representa uma leve alta de 0,1% em relação ao ano anterior.
“Estamos observando uma retomada no volume exportado, principalmente no setor agropecuário, além de uma ligeira alta nos preços médios de alguns produtos. Por outro lado, as importações permanecem contidas, especialmente nos segmentos de combustíveis e bens intermediários”, destacou o secretário de Comércio Exterior, Herlon Brandão, durante a divulgação dos dados.
Agronegócio lidera embarques
O setor agropecuário continua sendo o principal motor das exportações brasileiras. Em março, os embarques de produtos do campo cresceram 10,5% em relação ao mesmo mês do ano anterior, com destaque para a soja em grãos, que liderou a pauta exportadora com forte crescimento tanto em volume quanto em valor.
Outros produtos em destaque foram o café em grão, que teve alta de 48,5% na comparação anual, e o milho não moído, com aumento expressivo de 94,6%. O bom desempenho é atribuído à combinação de boa safra, câmbio favorável e forte demanda internacional, principalmente da Ásia e do Oriente Médio.
Indústria também mostra sinais de recuperação
As exportações da indústria de transformação também apresentaram alta no mês, com crescimento de 4,3%. Entre os principais itens exportados estão óleos combustíveis, produtos químicos e veículos automotores.
“O crescimento nas exportações da indústria é um sinal positivo de retomada, mesmo que ainda tímido, em um setor que vinha apresentando quedas sucessivas. A valorização do dólar e a melhora em algumas cadeias de fornecimento estão ajudando a recuperar a competitividade dos produtos brasileiros no exterior”, explicou Brandão.
Importações seguem em ritmo moderado
As importações caíram 2,2% em março, reflexo da desaceleração no consumo interno e do impacto cambial sobre a demanda por bens importados. A maior queda foi observada nas compras de combustíveis e lubrificantes, que recuaram 19,2%, além de bens intermediários, com retração de 6,1%.
Já os bens de capital, usados principalmente na produção industrial, apresentaram leve alta de 3,7%, o que, segundo o MDIC, pode indicar uma expectativa de recuperação na atividade produtiva nos próximos meses.
Perspectivas e desafios
Apesar dos números animadores, o governo avalia com cautela os desafios que podem impactar o comércio exterior nos próximos meses. Entre eles estão as tensões geopolíticas internacionais, os efeitos da desaceleração econômica em grandes mercados importadores, como China e União Europeia, e barreiras comerciais impostas por países desenvolvidos.
A recente entrada em vigor do Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM) pela União Europeia e a possibilidade de aumento de tarifas sobre produtos agropecuários por parte dos Estados Unidos são exemplos de obstáculos que podem afetar diretamente as exportações brasileiras.
Em contrapartida, o governo aposta na diversificação de mercados, no fortalecimento de acordos comerciais bilaterais e na diplomacia econômica para manter a trajetória de crescimento das exportações. O país também vem ampliando esforços para atender às exigências internacionais ligadas a critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), cada vez mais valorizados pelos mercados consumidores.
Comércio exterior como pilar da economia
O ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, comemorou os resultados e destacou a importância estratégica do comércio exterior para o crescimento econômico do país.
“O Brasil tem uma base exportadora sólida, com potencial para expandir ainda mais. Os dados mostram que estamos no caminho certo. Nosso desafio é agregar valor à pauta exportadora, promover a industrialização com inovação e ampliar o acesso aos mercados internacionais”, afirmou.
Com os primeiros meses de 2025 mostrando resultados expressivos, o comércio exterior se consolida como uma das principais âncoras do crescimento econômico do país neste ano — e uma ferramenta decisiva para o fortalecimento da economia brasileira em meio a um cenário global ainda instável.
Por Cristiane Ferreira
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