Após escândalo e tarifaço, ADM encerra comercialização de grãos na China

Guerra comercial teria acelerado decisão, que faz parte de reestruturação anunciada em fevereiro

Após escândalo e tarifaço, ADM encerra comercialização de grãos na China
Ilustrativa

A gigante estadunidense Archer Daniels Midland (ADM) confirmou o encerramento de suas atividades de comercialização de commodities na China.

A decisão ocorre em meio a um esforço de reestruturação global iniciado em fevereiro, após um escândalo contábil que abalou a confiança do mercado e uma queda significativa nos lucros da companhia.

Há semanas já havia a especulação sobre esse possibilidade, que foi acelerada pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, após o tarifaço desencadeado por Donald Trump.

O plano de redução operacional foi confirmado após dezenas de funcionários na cidade de Xangai receberem aviso de desligamento nesta semana.

ADM é um dos principais players no setor de agronegócio, com operações que incluem desde a produção e processamento de grãos até a comercialização de alimentos e ingredientes de alta qualidade.

Resultados ruins

Segundo fontes citadas pela Bloomberg, as demissões integram uma estratégia mais ampla de corte de custos, iniciada pela ADM há algumas semanas.

No ano passado, a empresa anunciou que reduziria de 600 a 700 vagas em todo o mundo, buscando ajustar suas operações diante de resultados financeiros mais fracos.

Em 2024, o lucro líquido da ADM foi de US$ 1,8 bilhão, praticamente a metade do registrado em 2023, quando a empresa alcançou US$ 3,5 bilhões.

A receita também encolheu, passando de US$ 93,9 bilhões para US$ 85,5 bilhões no mesmo período.

A escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China teria intensificado as dificuldades.

Nas últimas semanas, a relação conturbada entre os dois países interferiu nas importações chinesas de grãos norte-americanos, comprometendo o fluxo de exportações.

Cenário mais amplo

Nesse contexto, o fechamento das operações de trading em commodities na China surge como uma resposta ao “ambiente desafiador” citado pela companhia.

PAra se ter ideia, a ADM é apontada como a 3a maior comercializadora de commodities agrícolas do mundo.

Em 2023, a empresa movimentou cerca de US$ 94 bilhões em itens como soja e milho.

Outro fator que pesou na decisão foram as consequências de uma investigação contábil, responsável por grandes perdas no valor de mercado da ADM.

Esse escândalo lançou dúvidas sobre a governança corporativa da companhia e impulsionou o movimento de reestruturação.

“Compromisso com a China"

Fundada no final do século XIX, a ADM entrou na China em 1995, adquirindo uma fábrica de ração animal.

Nos anos seguintes, a empresa expandiu suas atividades no país, convertendo-se em um importante fornecedor de produtos agrícolas em toda a Ásia e marcando presença em diversos setores da economia chinesa.

Apesar do encerramento das operações de comercialização de commodities, a ADM afirma que outras divisões em Xangai não foram afetadas.

Em nota oficial, a empresa garantiu manter “compromisso profundo com a China”, embora não detalhe quais atividades específicas continuarão em curso.

FONTE: AgrofyNews
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