China quer liderança em comércio sustentável e abre oportunidade para o agro brasileiro
País aposta em produtos verdes e inteligentes, fortalece o consumo interno e abre novas frentes para exportações brasileiras alinhadas à agenda ESG
A China, importante destino de exportações de quase 80 países, entre eles o Brasil, anunciou que pretende se tornar protagonista no comércio mundial de “produtos verdes e inteligentes”, ou seja, aqueles feitos a partir de tecnologia limpa e com soluções sustentáveis, reforçando seu compromisso com um mercado interno robusto e de padrão qualificado de consumo.
De acordo com o ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, o país fará uso de sua imensa população, com mais de 1,4 bilhão de habitantes, para expandir esforços e estimular o consumo de bens duráveis, eletrodomésticos modernos, automóveis e, especialmente, produtos verdes e inteligentes.
Esse movimento faz parte da estratégia desenhada no novo Plano Quinquenal (2026–2030), formulado pelo Comitê Central do Partido Comunista, que prioriza o fortalecimento do consumo interno e a qualificação da demanda no país.
Produtos verdes e inteligentes incluem uma gama de bens com tecnologia limpa ou menor impacto ambiental, eficiência energética, automação, eletroeletrônicos de última geração, veículos e componentes produzidos com baixa emissão de carbono e alta eficiência.
A China já lidera globalmente a produção e exportação de diversos desses bens. Os casos mais emblemáticos são os veículos elétricos, painéis solares, baterias e equipamentos de energia renovável.
Segundo dados recentes divulgados por Pequim, o comércio exterior da China manteve crescimento em 2025, apesar das turbulências globais, o que reforça a confiança do país de que pode sustentar essa transição e também atender à demanda mundial por inovação e sustentabilidade.
O país asiático teve superávit superior a US$ 1 trilhão pela primeira vez nos primeiros 11 meses, com crescimento impulsionado pelo forte desempenho das exportações.
Só com o Brasil, houve crescimento de 41% nas exportações em novembro, e uma alta de 4,2% no ano.
Agro brasileiro pode se dar bem

Para o agro brasileiro, a estratégia chinesa abre tanto oportunidades quanto alerta para a necessidade de adaptação.
A demanda por insumos verdes, biocombustíveis, bioinsumos, matérias-primas sustentáveis e commodities agrícolas alinhadas a práticas de Environmental, Social and Governance (ESG) pode crescer, o que beneficia produtores que apostem em certificações ambientais, sustentabilidade e produção de commodities “limpas”.
Com a expansão da pauta de consumo estimulada pela China, o Brasil pode ampliar suas exportações, desde que adaptadas às novas exigências de sustentabilidade e certificação.
A China segue como maior parceiro comercial do Brasil: em 2024 e 2025, o país manteve posição como principal destino das exportações brasileiras, com forte demanda por soja, carnes, minérios e produtos agrícolas.
Para o agronegócio, o desafio será alinhar a produção à expectativa global: rastreabilidade, baixo carbono, boas práticas agrícolas e certificação ESG podem deixar de ser diferencial e se tornar requisito para acesso ao mercado chinês neste novo ciclo.








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