CVM suspende novamente assembleia sobre fusão entre Marfrig e BRF

Parecer técnico aponta falta de dados objetivos e risco de prejuízo aos acionistas minoritários

CVM suspende novamente assembleia sobre fusão entre Marfrig e BRF
Ilustrativa

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou, pela segunda vez, o adiamento da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da BRF que analisaria a proposta de fusão com a Marfrig.

decisão foi tomada por unanimidade pelo colegiado da autarquia nesta sexta-feira (11), que entendeu que as empresas não cumpriram integralmente a exigência de apresentar documentos detalhados sobre os critérios utilizados na relação de troca de ações.

A AGE estava prevista para ocorrer na próxima segunda-feira, 14 de julho. Com a nova decisão, a assembleia só poderá ser realizada 21 dias após a entrega completa das informações solicitadas. 

Em fato relevante divulgado ao mercado, a BRF confirmou o adiamento da AGE marcada para 14 de julho e informou que divulgará oportunamente a nova data.

A companhia destacou que, ao analisar os novos pedidos de suspensão, a CVM indeferiu o pedido de interrupção da assembleia, mas acolheu os pedidos de adiamento, solicitando a disponibilização de informações adicionais utilizadas pelos comitês independentes das empresas. O novo prazo de 21 dias será contado a partir da entrega desses documentos complementares.

A principal preocupação da CVM envolve a ausência de transparência na documentação apresentada. Segundo a autarquia, a BRF entregou materiais com trechos suprimidos — informações cobertas por tarjas — o que inviabiliza a análise dos critérios usados para propor a troca de 0,85 ação da Marfrig para cada ação da BRF.

 

questionamento partiu da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) e do investidor Alex Renato de Maura Fontana, ligado à família fundadora da Sadia. Ambos alegam que a proposta de fusão prejudica os acionistas minoritários e favorece apenas o controlador da Marfrig, Marcos Molina.

A BRF, por sua vez, argumenta que os documentos estão alinhados com os padrões normalmente adotados por companhias abertas em processos de reorganização societária. 

Segundo adiamento em menos de um mês

AGE já havia sido adiada anteriormente, quando estava marcada para 18 de junho. Na ocasião, a própria CVM solicitou mais informações sobre a fusão. Após a entrega parcial dos dados, a reunião foi remarcada para o dia 14 de julho. Diante das novas reclamações, a autarquia decidiu pela suspensão, com novo prazo de 21 dias. 

Além da Previ e de Fontana, o fundo Nova Almeida FIM, representado pela gestora Latache Capital, também protocolou pedido de adiamento, alegando “insuficiência da documentação apresentada” e questionando a independência dos comitês responsáveis por estruturar a fusão.

A operação está sendo discutida também em arbitragem e, paralelamente, a Previ ingressou com recurso na Justiça para suspender a assembleia. 

Incorporação

A proposta de fusão envolve a incorporação da totalidade das ações da BRF pela Marfrig, conforme o artigo 252 da Lei das S.A. Por se tratar de reorganização societária entre partes relacionadas, a operação é sensível e afeta diretamente os direitos dos acionistas minoritários da BRF. 

A CVM reforçou, em sua decisão, que embora algumas informações estratégicas possam ser sigilosas, é indispensável que os acionistas tenham acesso aos fundamentos objetivos que embasaram a decisão dos administradores — especialmente em operações que envolvem controladora e controlada.

Questionamento no Cade

A operação também é alvo de contestação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). No fim de junho, o frigorífico Minerva Foods apresentou recurso pedindo a reavaliação da fusão, aprovada em rito sumário.

A empresa argumenta que a operação desconsidera impactos relevantes sobre a concorrência, especialmente no setor de alimentos processados.

FONTE: AgrofyNews
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