Chuvas freiam moagem de cana e reduzem produção de açúcar e etanol no início da safra 2025/2026

UNICA aponta queda de quase 50% no volume processado na segunda quinzena de abril; etanol de milho ganha protagonismo e mantém avanço

Chuvas freiam moagem de cana e reduzem produção de açúcar e etanol no início da safra 2025/2026
Ilustrativa

A safra 2025/2026 de cana-de-açúcar começou em ritmo mais lento no Centro-Sul do Brasil. A segunda quinzena de abril registrou queda de 49,35% na moagem, com 17,73 milhões de toneladas processadas, ante 35 milhões no mesmo período do ciclo anterior. Desde o início da temporada, foram 34,26 milhões de toneladas moídas, o que representa retração de 32,98% em relação à safra passada.

Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), o volume reduzido está diretamente ligado às condições climáticas desfavoráveis, com chuvas nas regiões produtoras do oeste de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, que dificultaram as operações de colheita.

Apesar do início mais lento, 222 unidades produtoras já estavam em atividade no Centro-Sul até o fim de abril, sendo 205 processando cana, dez operando com etanol de milho e sete usinas flex.

Produção de açúcar e etanol em queda

A produção de açúcar despencou 53,79% na segunda metade de abril, totalizando 856,16 mil toneladas, contra 1,85 milhão no mesmo período de 2024. No acumulado da safra, a queda é de 38,62%, com 1,58 milhão de toneladas produzidas até 1º de maio.

Na mesma linha, a fabricação de etanol caiu 36,82%, atingindo 985,12 milhões de litros, com destaque negativo para o etanol hidratado (699,14 milhões de litros) e anidro (285,97 milhões). No acumulado, a produção totalizou 1,9 bilhão de litros, queda de 19,03%.

Por outro lado, a produção de etanol de milho segue em expansão, com 358,87 milhões de litros produzidos na segunda quinzena de abril – alta de 22,58%. Desde o início da safra, já foram 716,90 milhões de litros, crescimento de 31,26% em relação ao mesmo período da safra anterior.

Mercado interno sustenta vendas de etanol

Apesar da retração na produção, as vendas totais de etanol em abril atingiram 2,77 bilhões de litros, queda de 3,46% frente a 2024. O mercado interno respondeu por 2,71 bilhões de litros, com leve redução de 2,44%, enquanto as exportações caíram 34,83%.

O etanol segue competitivo frente à gasolina, especialmente nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, onde os preços estão abaixo da paridade técnica. Segundo a ANP, em 184 dos 372 municípios pesquisados, o etanol foi a opção mais econômica para os consumidores.

“A manutenção da competitividade nas bombas tem sustentado a demanda pelo biocombustível e reforça a importância do etanol como alternativa econômica e ambientalmente viável”, explica Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA.

Mercado de CBios avança e atinge 65% da meta anual

O setor de biocombustíveis também mantém desempenho positivo no mercado de descarbonização. Até 12 de maio, a emissão de 15,55 milhões de CBios foi registrada, e a quantidade total disponível para comercialização já alcança 25,82 milhões de créditos, o que representa quase 65% da meta do RenovaBio para 2025.

“O avanço da emissão e comercialização de CBios demonstra o alinhamento do setor com os compromissos ambientais e reforça o papel estratégico da bioenergia na transição energética brasileira”, destaca Rodrigues.

 

Com informações da UNICA
FONTE: Agro+
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