Setor do alumínio estima prejuízo de R$ 1,15 bilhão com tarifas dos EUA e alerta para riscos sistêmicos
A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) divulgou nesta quarta-feira (31) um posicionamento oficial sobre os impactos das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras.
Crédito: Ag. de Notícias da Indústria
A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) divulgou nesta quarta-feira (31) um posicionamento oficial sobre os impactos das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. Segundo a entidade, mesmo com a não cumulatividade das alíquotas — ou seja, a nova tarifa de 40% não se soma à de 50% já vigente desde junho — o prejuízo direto estimado para o setor em 2025 pode ultrapassar R$ 1,15 bilhão.
A nova medida tarifária, instituída por meio de ordem executiva presidencial nos EUA, isenta alguns produtos estratégicos, como a alumina — insumo essencial para a produção de alumínio primário. No entanto, itens como bauxita, hidróxido de alumínio e cimento aluminoso não foram incluídos nas exceções e também estarão sujeitos à sobretaxa.
Em 2024, os EUA foram o terceiro maior destino das exportações brasileiras de alumínio, com 14,2% de participação e movimentação de US$ 773 milhões. Cerca de um terço desse total está sujeito à tarifa de 50%, o que, segundo a ABAL, inviabiliza economicamente diversas operações comerciais. No primeiro semestre de 2025, o setor já acumulou perdas de R$ 350 milhões com a escalada tarifária iniciada em março.
Efeitos colaterais e risco sistêmico
A entidade alerta ainda para riscos indiretos que vão além dos prejuízos imediatos. A exclusão da alumina das tarifas, embora positiva, não elimina a possibilidade de rupturas na cadeia de suprimento regional, dada a forte interdependência entre Brasil, Canadá e Estados Unidos na produção e refino do metal. Em 2024, o Brasil exportou 1,3 milhão de toneladas de alumina para os EUA, insumo usado para produzir 90% do alumínio primário americano.
“Há risco de desequilíbrio nas etapas da cadeia, afetando o abastecimento e a previsibilidade das operações industriais, inclusive em países não diretamente atingidos pelas tarifas”, destaca o comunicado.
Disputa global por sucata e impacto na economia circular
Outro efeito colateral em curso é o aumento da pressão sobre os preços da sucata de alumínio, que se tornou mais competitiva frente ao alumínio primário. Isso tem alimentado uma disputa internacional por sucata e pode comprometer a segurança de suprimento de metal reciclado — recurso estratégico para a transição energética e a reindustrialização verde do Brasil.

A ABAL defende que o debate sobre os efeitos das tarifas seja mais amplo do que uma análise puramente comercial.
“É preciso considerar a importância de setores estratégicos como o alumínio para a sustentabilidade e a resiliência das cadeias produtivas, e buscar soluções que preservem o equilíbrio e a previsibilidade das relações comerciais globais”, afirma.







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