Antiga BR Distribuidora, Vibra desfere duro golpe no setor de biogás com passo atrás de R$ 400 milhões
Projetos milionários podem ser esvaziados no Pará, Alagoas, Minas Gerais e Rio de Janeiro

Por redação | Agrofy News
A Vibra Energia, antiga BR Distribuidora, comunicou formalmente hoje (dia 13) sua saída do capital social da ZEG Biogás e Energia S.A., encerrando sua participação no projeto de biogás.
Com isso, a empresa deixa de ter a obrigação de investir cerca de R$ 400 milhões no projeto nos próximos anos.
A decisão foi comunicada ao mercado por meio de um fato relevante e está alinhada à estratégia da companhia de reforçar a disciplina na alocação de capital.
A operação inclui um aporte de R$ 40 milhões da Vibra na ZEG, além do pagamento de R$ 20 milhões aos acionistas da empresa.
Com isso, projetos de plantas de biogás e biometano no Pará, Alagoas, Minas Gerais e Rio de Janeiro, entre outros estados, podem ser afetados (leia abaixo).
A transação ainda está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). A Vibra se comprometeu a manter o mercado informado sobre qualquer desdobramento relevante relacionado ao tema.
A entrada da Vibra no segmento de biogás ocorreu em 2021, quando a companhia adquiriu participação na ZEG com o objetivo de diversificar seu portfólio de energia renovável.
O biogás é considerado uma alternativa estratégica para a transição energética, aproveitando resídulos agroindustriais e urbanos para a produção de combustíveis limpos.
Projetos afetados
A ZEG Biogás tem entre seus principais empreendimentos a parceria com a Marborges, uma das principais referências na produção de óleo de palma e palmiste.
Localizada em Moju (PA), essa unidade realiza a biodigestão da vinhaça, um subproduto do processo industrial da Marborges, para gerar biogás utilizado na produção de energia elétrica.
Além disso, o processo gera um fertilizante líquido rico em matéria orgânica, que é aproveitado nas atividades agrícolas da região, promovendo a economia circular.
Outro projeto relevante é a construção de uma planta de biometano em parceria com a Usina Aroeira, localizada em Tupaciguara (MG).
Até então com investimento previsto de R$ 120 milhões, essa unidade previa capacidade inicial de produzir 4 milhões de metros cúbicos de biometano por ano, utilizando resíduos agroindustriais como matéria-prima.
Além disso, a ZEG Biogás firmou uma parceria com a Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro) para a construção de uma usina de biometano na região norte fluminense.
Com investimento aproximado de R$ 60 milhões, a planta teria capacidade inicial de produzir 3,7 milhões de metros cúbicos de biometano por ano, utilizando resíduos agroindustriais como matéria-prima.
A previsão é que a usina comece a operar comercialmente no início de 2026.
Outro destaque seria a construção de uma fábrica de biogás em parceria com a Cooperativa Pindorama, no município de Coruripe (AL).
Com investimento de R$ 65 milhões, essa unidade poderia fortalecer a produção de biogás na região Nordeste, contribuindo para a diversificação da matriz energética local.
Setor de biogás
O setor de biogás no Brasil tem recebido incentivos governamentais e investimentos privados.
O programa federal RenovaBio e o mercado de créditos de carbono são algumas das iniciativas que estimulam a produção e o consumo de biocombustíveis, fortalecendo o setor.
Em 2023, a produção nacional de biogás ultrapassou 2,7 bilhões de metros cúbicos, segundo dados da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás).
O segmento tem potencial para crescer ainda mais com a ampliação da infraestrutura e a adesão de grandes consumidores industriais.
A decisão da Vibra de sair do setor de biogás ocorre em um momento de reavaliação de investimentos em energias renováveis por diversas empresas.
Fatores como custos de produção, regulação e retorno financeiro são determinantes na definição das estratégias empresariais.
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