Governo leiloa quatro terminais portuários no Rio e em Paranaguá com investimentos bilionários
Aportes de R$ 2 bilhões vão ampliar a logística e o escoamento de grãos

Quatro áreas portuárias localizadas nos portos do Rio de Janeiro e de Paranaguá, no Paraná, foram leiloadas na manhã desta quarta-feira (30), na sede da B3, em São Paulo. Juntos, os terminais devem receber mais de R$ 2 bilhões em investimentos ao longo dos contratos.
O leilão, promovido pelo Ministério de Portos e Aeroportos em parceria com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), foi o primeiro de arrendamento portuário realizado em 2025.
As áreas licitadas foram a RDJ11, no Porto do Rio, e as PAR14, PAR15 e PAR25, no Porto de Paranaguá. O critério de julgamento foi o maior valor de outorga.
A área RDJ11 teve apenas uma proposta. O Consórcio Porto do Rio de Janeiro venceu com oferta de R$ 2,1 milhões.
Já os terminais em Paranaguá foram alvos de intensa disputa. A área PAR25, por exemplo, recebeu cinco propostas e passou para a fase de lances em viva-voz. BTG Pactual Commodities Sertrading e Rocha Graneis foram eliminados na primeira etapa por apresentarem ofertas mais baixas.
Após 21 lances, o Consórcio ALDC arrematou o terminal por R$ 219 milhões, superando a ICTSI Américas B.V. e o Consórcio Interalli Grãos Terminais.
O terminal PAR14 também contou com cinco proponentes. Potencial Agro e Rocha Graneis Sólidos foram desclassificados após as ofertas iniciais. No viva-voz, o BTG Pactual venceu após 26 lances, com uma proposta de R$ 225 milhões, superando novamente a ICTSI Américas B.V. e a Infra II Investment.
Paranaguá
A disputa mais acirrada ocorreu na área PAR15, com seis propostas iniciais. Apenas as três melhores avançaram à etapa de viva-voz, deixando de fora o Consórcio ALDC, a ICTSI e a Infra II.
Após 55 lances, a Cargill Brasil Participações saiu vencedora com uma proposta de R$ 411 milhões, superando a Arco Norte Infraestrutura e Logística e o BTG Pactual Commodities Sertrading.
Segundo a Antaq, os leilões têm como objetivo ampliar a capacidade logística para o escoamento da produção agrícola, modernizar a infraestrutura de transporte e gerar empregos e renda.
O ministro Silvio Costa Filho afirmou que o governo pretende realizar mais de 42 leilões portuários até 2026, com previsão de investimentos de R$ 22,85 bilhões.
Características dos terminais
O terminal RDJ11, no Rio de Janeiro, foi leiloado por meio de modelo simplificado, com contrato de dez anos. Destinado à movimentação e armazenagem de granéis sólidos e carga geral, o espaço tem 7.787 m² e exigirá investimentos de R$ 6,8 milhões.
O Porto do Rio é administrado pela estatal PortosRio e se destaca no manuseio de cargas gerais, siderúrgicas, conteinerizadas e granéis. Localizado na Baía de Guanabara, é um dos portos mais tradicionais do país.
As áreas de Paranaguá — PAR14, PAR15 e PAR25 — foram leiloadas pela Portos do Paraná, autoridade portuária que possui autonomia desde 2019. Desde então, a empresa pública já promoveu cinco leilões, totalizando R$ 1,3 bilhão em contratos e cerca de R$ 60 milhões arrecadados em outorgas.
As três áreas juntas somam 169 mil m², o equivalente a mais de dois Estádios do Morumbi. São destinadas ao armazenamento e movimentação de granéis sólidos vegetais, principalmente soja, milho e farelo.
O terminal PAR14, com 82.436 m², receberá R$ 1,18 bilhão em investimentos ao longo de 35 anos, com capacidade para movimentar 6,8 milhões de toneladas por ano.
A área PAR15, de 43.279 m², terá aporte de R$ 656,8 milhões e poderá movimentar até 4 milhões de toneladas anuais. Já o PAR25 contará com R$ 216,9 milhões em investimentos no mesmo período.
Porto estratégico
O Porto de Paranaguá é o segundo maior do Brasil em movimentação de cargas, atrás apenas do Porto de Santos.
É o principal terminal de exportação de soja (grãos, farelo e óleo) e responsável por 33% da descarga de fertilizantes importados pelo país — o quarto maior mercado consumidor global desse insumo.
Paranaguá foi o primeiro porto público a regularizar 100% de suas áreas por meio de concessões e arrendamentos. Em 2024, movimentou cerca de 60 milhões de toneladas.
A expectativa do governo é que os novos contratos ajudem a dobrar a capacidade de escoamento da safra agrícola brasileira pelo terminal paranaense.
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