Emirados Árabes e Rússia regionalizam suspensão ao frango brasileiro; e a China?
Até agora, 16 países adotam flexibilização dada à relevância do Brasil e oferta internacional restrita

Os Emirados Árabes e a Rússia anunciaram ontem (dia 21) a regionalização das suspensões à carne de frango brasileira em um movimento que pode ser seguido em breve por outros importadores como a China.
Como publicado na tarde de ontem pelo Agrofy News, em entrevista com o expert no mercado de proteína animal, Osler Desouzart, a necessidade dos países importadores deve levar a acordos para flexibilizar bloqueios apenas a estados ou municípios afetados por casos de gripe aviária.
O “recuo” da Rússia e dos Emirados Árabes é emblemático. Os países haviam suspendido as importações de todo o território brasileiro no primeiro momento, mas reviram a medida antes mesmo de o evento em Montenegro (RS) completar uma semana.
Adicionalmente, os vizinhos russos da União EuroAsiática - Belarus, Armênia, Quirguistão e Cazaquistão - também passaram a barrar apenas o Rio Grande do Sul.
Em termos comerciais, o caso dos Emirados Árabes é inclusive mais relevante. No ano passado, o país foi o segundo principal destino do frango brasileiro com 455,1 mil toneladas, ou 8,8% de todas as exportações.
No entanto, os árabes solicitaram uma declaração adicional do Ministério da Agricultura para informar que as cargas enviadas sairão de uma zona livre da doença, a 25 quilômetros do foco.
Até o momento, 16 países países adotam a regionalização das suspensões de importações de produtos avícolas do Brasil em resposta ao caso de gripe aviária registrado em uma granja comercial no município de Montenegro (RS).
Essa informação foi atualizada às 11h20 de hoje (dia 22) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Além dos da União EuroAsiática, os países com bloqueio para Estado do Rio Grande do Sul são Arábia Saudita, Turquia, Reino Unido, Bahrein, Cuba, Macedônia, Montenegro, Cazaquistão, Bósnia e Herzegovina, Tajiquistão e Ucrânia.
Já para o município de Montenegro, a suspensão vem dos Emirados Árabes Unidos e Japão.
Além deles, há negociações abertas pela regionalização com Filipinas, México e China, o principal destino do frango brasileiro com mais de 10% do total das exportações no ano passado.
Ainda assim, 46 países mantêm fechadas as portas ao produto brasileiro.
Eles são China, União Europeia, México, Iraque, Coreia do Sul, Chile, Filipinas, África do Sul, Jordânia, Peru, Canadá, República Dominicana, Uruguai, Malásia, Argentina, Timor-Leste, Marrocos, Bolívia, Sri Lanka e Paquistão.
“Por quanto tempo nossos importadores poderão ficar sem o Brasil? A lógica e a necessidade levarão os compradores a regionalizar o caso de gripe aviária”, previu Osler.
Mas e a China?
Em entrevista ao Valor, o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, disse não haver sinalização dos chineses até o momento, mas alertas sanitários anteriores inspiram otimismo.
No ano passado, a China levou 20 dias para reduzir as restrições, que valiam para todo o país, quando houve o foco da doença de Newcastle em Anta Gorda (RS). A doença também justificaria embargos nacionais segundo protocolos internacionais e acordos entre Brasil e China.
Segundo o consultor Osler Desouzart, os estoques de grandes importadores como a China, Arábia Saudita e Japão costumam corresponder a 60 dias. Nesse intervalo, as suspensões não teriam impacto significativo.
“Nos próximos dois meses, não acredito em variações significativas de preços nem no mercado externo. Se as suspensões permanecerem, o importadores sofrerão com altas significativas para suas populações”, crava.
O cenário internacional de “pandemia” gripe aviária também restringe a oferta, o que pressiona ainda mais os países importadores a flexibilizar exigências.
"A força do agronegócio brasileiro permite factualmente que não se deva dizer não ao Brasil. É um mau negócio manter as exportações brasileiras proibidas. O mundo não gosta de maus negócios", finaliza Osler.
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