Indústria se move para reabrir mercados para aves brasileiras

Brasil pede a importadores que veto às compras valha apenas para raio de 10 quilômetros de granja do caso original de gripe aviária no país, como prevê a OMSA.

Indústria se move para reabrir mercados para aves brasileiras
Ilustrativa

Duas semanas depois da contenção total do vírus da gripe aviária de alta patogenicidade em Montenegro (RS) e decorrido mais da metade do prazo de 28 dias para que o Brasil possa se declarar livre da doença, os frigoríficos brasileiros produtores de carnes de aves intensificaram as conversas com importadores para tentar flexibilizar as restrições comerciais impostas ao produto em função dos protocolos sanitários acordados.

Nesta quinta-feira (5/6), o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, vai se reunir em Bruxelas, na Bélgica, com importadores e representantes de empresas processadoras da carne de aves do Brasil na Europa. Será a primeira agenda presencial em que a pauta principal é a reabertura dos mercados.

“Já que estamos livres de novo da gripe aviária em aves comerciais, agora o trabalho é conquistar a volta do mercado o quanto antes possível”, afirmou o executivo ao Valor. “O Brasil tem pedido para reduzir a restrição para o raio de 10 quilômetros, que é o que a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) preconiza, especialmente agora, que já se passaram mais de 10 dias do controle do foco. O Brasil tem razão de ir mostrar e dizer que não tem porque fechar nem o Rio Grande do Sul”, completou. A União Europeia foi o sétimo principal destino da carne de frango brasileira em 2024 e importou 231,8 mil toneladas da proteína.

O foco foi confirmado em 15 de maio. No dia 21, o Brasil informou a OMSA sobre a contenção da doença, quando começou a contar o prazo de 28 dias até que o país possa se autodeclarar livre da influenza aviária novamente se nenhum novo caso for detectado.

A reunião na capital da Bélgica e sede da Comissão Europeia será com o chefe da missão brasileira no bloco europeu, embaixador Pedro Miguel, e empresas importadoras. Nesta semana, Jordânia e Kuwait anunciaram a flexibilização dos embargos e passaram a restringir as compras apenas de frigoríficos do Rio Grande do Sul. Segundo Santin, importadores já sinalizaram que movimento parecido pode ocorrer em breve com Bolívia, Líbia, Namíbia e Peru.

“Estamos mostrando que a biosseguridade funcionou. O movimento começa a se inverter e é muito positivo. Parou de ter novos países fechando seus mercados e começou a ter reaberturas”, afirmou o dirigente.

Ele destacou ainda a importância da manutenção do comércio, sem qualquer tipo de restrição, para mais de 120 países. O executivo ponderou ainda que mercados de grande relevância, como Japão, Reino Unido, Hong Kong, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Singapura, Vietnã e Egito, aplicaram os critérios de regionalização.

Segundo ele, a decisão desses importadores é parte do processo de revisão dos protocolos para limitar os embargos às regiões afetadas, e que deve ganhar força a partir da resposta rápida que o governo brasileiro e o setor privado deram ao único caso de gripe aviária em plantel comercial até agora. Nesta semana, foram descartadas suspeitas em granjas de Anta Gorda (RS) e Bom Despacho (MG). Uma nova investigação foi aberta em Teutônia (RS).

Uma carta na manga do governo e dos frigoríficos brasileiros na negociação com os importadores é o impacto que o fechamento total das exportações de carne do Brasil gera no preço aos consumidores finais nos países compradores. Na África do Sul, por exemplo, alguns itens já estão três vezes mais caros em comparação com o período anterior ao embargo, disse Santin.

“A nossa esperança é que, passada essa tormenta, possamos ir de novo nesses países com esse argumento para tratar dos protocolos. Precisamos prever que esse tipo de episódio pode acontecer de novo, mas sem causar ruptura no comércio”, apontou.

A ABPA já tinha agendas previstas nas Filipinas e Japão em agosto e avalia se haverá necessidade de antecipar alguma viagem. As conversas continuam diariamente por telefone com os principais compradores. Não há nenhuma indicação sobre a China, disse Santin. “O diálogo é fluido entre as autoridades. Estamos com os dois adidos agrícolas lá, todo material já foi entregue. Agora, temos que aguardar e respeitar a autonomia da China”, disse.

Santin reforçou que o trabalho do Ministério da Agricultura e da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi) na contenção do foco foi “irretocável”. Segundo ele, as informações enviadas foram elogiadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) pela “clareza, precisão, rapidez e transparência dos procedimentos realizados”.

A ABPA ainda não compilou os dados de maio das exportações, mas as prévias indicam que o fluxo comercial pode ter se mantido em relação a abril, mesmo com os embargos aplicados após o dia 15, quando o foco foi confirmado. Na comparação entre as duas primeiras semanas do mês e os dias seguintes à descoberta do caso em Montenegro, houve queda de apenas 1,74% na média diária de embarques, segundo Santin.

Fonte: Globo Rural
Autor:Redação

FONTE: AviSite
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