Minas Gerais terá centro de excelência em cafeicultura de R$ 17 milhões
Conab projeta produção brasileira de 56,5 milhões de sacas em 2025, a terceira maior da série histórica
Minas Gerais vai ampliar sua estratégia de inovação no café com a criação do Centro de Excelência em Cafeicultura de Montanha, iniciativa de R$ 17 milhões anunciada nesta terça-feira (2/11) pelo Governo do Estado.
O projeto, liderado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), pretende fortalecer a produção regional, acelerar o desenvolvimento sustentável e elevar a qualidade do café cultivado em áreas de montanha.
O lançamento ocorreu no Instituto de Laticínios Cândido Tostes, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Juiz de Fora, na Zona da Mata.
Segundo o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig, Luiz Gustavo Cançado, o novo centro nasce do esforço da fundação em impulsionar competências estratégicas do Estado.
“Com esse aporte, espera-se impulsionar a produção de Minas, que hoje é um dos maiores exportadores de café do mundo”, afirmou.
O Centro de Excelência será coordenado pelo pesquisador da Epamig Marcelo Ribeiro Malta e ficará sediado em Lavras, no Sul de Minas, região onde a instituição mantém campos experimentais voltados a cultivares, validação de tecnologias e melhoramento genético.

Tradição e potencial do café de montanha
O café de montanha é cultivado em áreas de altitude, com clima mais ameno. Essas condições influenciam aroma, sabor e identidade do produto.
“O café de montanha tem características próprias relacionadas a altitude, clima e terroir. Há muita coisa a ser explorada, considerando que esse tipo de café é cultivado em grande parte do Estado”, explicou o diretor de Pesquisa e Inovação da Epamig, Trazilbo José de Paula Júnior.
Ele reforça que o novo centro abre espaço para avanços científicos em uma das áreas mais tradicionais da instituição. O projeto prevê estudos ao longo de cinco anos, em parceria com universidades e equipes especializadas, como as federais de Lavras e Viçosa.
Um setor em expansão
Minas Gerais reúne cerca de 150 mil produtores de café e, para a safra de 2025, a estimativa é de 25,3 milhões de sacas. As exportações seguem aquecidas: até outubro, o Estado registrou US$ 8,8 bilhões embarcados, alta de 44,6% sobre o ano anterior — desempenho que mantém Minas responsável por quase 75% das vendas brasileiras ao exterior.
O investimento em ciência, tecnologia e inovação também ganhou força. Desde 2019, editais como Compete Minas, Alysson Paolinelli e o Projeto de Ciência, Tecnologia e Inovação (PCTI) destinaram R$ 16,9 milhões à cadeia produtiva do café.
No mesmo período, mais de R$ 1,8 bilhão em investimentos privados foram atraídos para o setor, com a geração de mais de 2 mil empregos diretos — especialmente no Norte e no Sudoeste de Minas. Um dos exemplos mais recentes é a expansão da fábrica de cápsulas Nescafé Dolce Gusto, da Nestlé, em Montes Claros.
Projeção da Conab para a safra 2025
A produção brasileira de café em 2025 está estimada em 56,5 milhões de sacas de 60 quilos.
Mesmo sendo um ano de bienalidade negativa, este resultado representa o terceiro maior registrado da série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), atrás apenas dos anos de 2020 e 2018, ambos de bienalidade positiva da planta, e uma alta de 4,3% se comparado com o volume obtido no ano passado.
O resultado é uma combinação de uma ligeira queda de 1,2% na área em produção, estimada em 1,85 milhão de hectares, com uma melhor produtividade média nacional, projetada em 30,4 sacas por hectare, reflexo do bom desempenho verificado nas lavouras de conilon.
É o que mostra o 4º Levantamento de Café 2025, divulgado nesta quinta-feira (4).
Com menor influência da bienalidade, a produção de conilon em 2025 atinge 20,8 milhões de sacas, um novo recorde para a espécie ao se analisar a série histórica da Companhia, ultrapassando 2022, quando foram colhidos 18,2 milhões de sacas.
Em relação à safra passada, o atual resultado representa um crescimento de 42,1%. A regularidade climática favoreceu o vigor das plantas e resultou em elevada carga produtiva.
No Espírito Santo, maior produtor de conilon do país, a colheita da espécie chega a 14,2 milhões de sacas, crescimento de 43,8% em relação ao ano de 2024. Na Bahia, é esperado um volume de produção para o conilon de 3,29 milhões de sacas, alta de 68,7% quando comparada à temporada passada.

Em Rondônia, a safra estimada em 2025 é de 2,32 milhões de sacas, aumento de 10,8% em comparação à safra de 2024.
Já para o café arábica, houve uma redução na colheita diante de o atual ciclo ser de bienalidade negativa, ano em que a planta não apresenta todo o seu vigor produtivo. Além disso, períodos de escassez hídrica ao longo da safra também reduziram o potencial produtivo das lavouras.
Nesse cenário, a área em produção para a espécie registrou uma queda de 1,5%, chegando a 1,49 milhão de hectares, enquanto a produtividade média das lavouras de arábica caiu 8,4% sobre a safra de 2024, chegando a 24,1 sacas por hectare. Com isso, a colheita no atual ciclo é estimada em 35,76 milhões de sacas, diminuição de 9,7% em relação à temporada anterior.
Minas e SP
Com a colheita finalizada em setembro, Minas Gerais, maior estado produtor de café do país, registra uma colheita de 25,17 milhões de sacas de arábica, redução de 9,2% em relação ao volume total produzido na safra anterior, devido ao ciclo de bienalidade negativa aliado, principalmente, ao longo período de seca nos meses que antecederam a floração.
Em São Paulo, a colheita apresenta redução de 12,9% em relação ao volume produzido em 2024, sendo estimada em 4,7 milhões de sacas.
Essa queda é atribuída aos efeitos biológicos de baixa bienalidade e ao clima adverso, marcado por estiagem e altas temperaturas. Em contrapartida, na Bahia o arábica apresenta crescimento de 2,5%, ficando em 1,14 milhão de sacas. Destaque para a região do Cerrado, com crescimento de 18,5%.








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