Petrobras vai atender 20 porcento demanda nacional de fertilizantes com novas unidades no Nordeste

Estatal investe R$ 2,6 bilhões na Bahia, reativa fábricas e encomenda seis navios de apoio com conteúdo local

Petrobras vai atender 20 porcento demanda nacional de fertilizantes com novas unidades no Nordeste
Ilustrativa

A Petrobras vai atender 20% da demanda brasileira de fertilizantes nitrogenados com a reativação das fábricas da Bahia e de Sergipe e novos investimentos no Nordeste.

O plano, anunciado pela presidente da companhia, Magda Chambriard, inclui aportes de R$ 2,6 bilhões na Bahia, com foco na produção de fertilizantes e na construção de embarcações de apoio no Estaleiro Enseada, em Maragogipe (BA).

O evento oficial ocorre nesta quinta-feira (9) e contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Magda Chambriard afirmou que a Petrobras vai reativar as duas plantas de fertilizantes que estavam hibernadas, localizadas na Bahia e em Sergipe, além de destinar R$ 38 milhões à manutenção da unidade baiana.

“Com essas plantas (Fafen Bahia e Sergipe), vamos produzir 20% da demanda brasileira de fertilizantes nitrogenados”, disse a executiva.

Em setembro, a Petrobras concluiu a licitação para operação e manutenção das fábricas e assinou contrato com a Engeman, responsável pela condução das unidades.

Na Fafen-BA, serão produzidos amônia, ureia perolada e ARLA-32, além da operação dos Terminais Marítimos de Amônia e Ureia no Porto de Aratu, em Candeias (BA). Já na Fafen-SE, a produção incluirá amônia, ureia perolada e ureia granulada.

Capacidade 

O gerente executivo da Fafen-BA destacou que a unidade tem capacidade de 1.300 toneladas diárias tanto de ureia quanto de amônia, o que pode atender 80% da demanda local da Bahia.

“A Ansa (Araucária Nitrogenados, que foi reativada e está em operação no Paraná) tem capacidade produtiva de 1,9 mil toneladas, e com isso completamos a capacidade da Petrobras de atender à demanda nacional mencionada pela presidente”, explicou.

Segundo Magda, a unidade consumirá cerca de 50 milhões de m³ de gás. Ela afirmou que o projeto só foi viável após a ampliação da oferta e redução do preço do gás.

“As Fafens não seriam viáveis comercialmente com o preço do gás como estava antes. Com o aumento da oferta, houve redução do preço”, disse.

A presidente acrescentou que a empresa “está em negociações adiantadas” para venda direta de diesel a clientes do agro em Luís Eduardo Magalhães (BA) e na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Embarcações e conteúdo local

Além da reativação das Fafens, a Petrobras vai investir na construção de seis embarcações de apoio no Estaleiro Enseada.

Segundo Magda Chambriard, a companhia passou oito anos sem contratar embarcações, e agora planeja um total de 48 navios até 2025, sendo 44 já em edital e mais quatro a serem lançados.

“Na Bahia, serão seis embarcações com, no mínimo, 65% de conteúdo local. Gostamos do Brasil, mas estamos contratando aqui porque é um bom negócio para a companhia”, disse Magda.

O diretor de Logística, Comercialização e Mercados, Claudio Schlosser, destacou que as embarcações terão baixa pegada de carbono e serão do tipo PSV-OSRV, navios híbridos multipropósito de grande porte (5.000 DWT) usados em operações offshore.

O contrato foi firmado com a Compagnie Maritime Monegasque (CMM).

Schlosser comparou os PSVs a “caminhões do mar”, explicando que transportam água e suprimentos.

“As embarcações e todo o sistema de apoio à produção terão uma pegada de carbono baixa”, afirmou.

O presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, disse que quatro navios já foram entregues e outros quatro gaseiros devem ser anunciados até o fim do mês. “A presidente Magda quer que a gente elimine os intermediários, contratando diretamente”, afirmou.

“É importante a Transpetro ter navios, servimos de regulador do mercado para auxiliar a Petrobras na contratação de navios com terceiros.”

Bacci acrescentou que há possibilidade de empresas baianas participarem das licitações para barcaças da Transpetro.

Plano quinquenal e próximos passos

Schlosser confirmou que a Petrobras está finalizando o plano quinquenal 2025–2029, que será divulgado em 2 de dezembro, e que o documento passará por análise de viabilidade técnica e econômica.

Ao ser questionado sobre uma possível recompra da refinaria de Mataripe (ex-RLAM), Schlosser evitou comentar. “Eu tenho uma filha baiana, para nós sempre será a Rlam”, disse.