Após três meses, China retoma importações de soja de cinco unidades brasileiras
Liberação é sinal positivo às vésperas de missão brasileira com Lula e empresários do agro ao gigante asiático

Cinco unidades brasileiras de processamento de soja voltaram a ser autorizadas a exportar para a China após um embargo sanitário imposto em janeiro deste ano.
O sinal verde ocorre às vésperas de mais uma visita oficial do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao gigante asiático.
A permissão para retomar as vendas ao principal destino da oleaginosa brasileira passou a valer desde o dia 25 de abril, conforme documento enviado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
As unidades afetadas pertencem a grandes nomes do setor — ADM do Brasil, Cargill S.A., Terra Roxa Comércio de Cereais, Olam Brasil e C.Vale Cooperativa Agroindustrial.
Segundo autoridades chinesas, a suspensão inicial foi motivada pela detecção de não conformidades sanitárias, como presença de sementes com revestimento de pesticidas e pragas quarentenárias nas cargas.
Apesar do episódio ter gerado apreensão no início do ano, fontes do governo brasileiro classificaram a situação como pontual e sem conotação política ou comercial.
Técnicos avaliaram o ocorrido como um descuido operacional, possivelmente relacionado à mistura entre grãos para consumo e sementes tratadas, o que é proibido.
“Os volumes exportados de soja são grandes e os cuidados devem ser adotados na mesma proporção”, destacou um técnico do Mapa à época do embargo.
Na prática, embora o comunicado oficial da Administração Geral das Alfândegas da China (GACC) falasse em suspensão por dois meses, as empresas passaram três meses sem embarcar soja ao país asiático.
Ainda assim, o impacto foi nulo nas exportações totais do Brasil para a China, considerando que mais de 1.700 estabelecimentos estão habilitados para vender soja ao mercado chinês.
Missão brasileira
A sinalização ocorre num momento estratégico e tenso no cenário internacional devido a guerra comercial promovida por Donald Trump especialmente contra a China.
Nas próximas semanas, uma missão empresarial composta por cerca de 150 representantes do agronegócio brasileiro desembarca na China para discutir expansão de mercados e cooperação sanitária.
A viagem será acompanhada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e pela presidente da Embrapa, Silvia Massruhá. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também participará, entre 12 e 13 de maio, do Fórum China-Celac e deve se reunir com o presidente Xi Jinping.
Segundo a Globo Rural, o agronegócio brasileiro aposta não apenas na consolidação do fluxo comercial com os chineses, mas também na captação de investimentos em infraestrutura.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) vê na visita uma oportunidade para tirar do papel projetos ligados à armazenagem e à logística de escoamento, considerados gargalos estruturais do setor.
“A China poderia trabalhar conosco nessa área. Se você tem uma mega safra, precisa mandar imediatamente para fora, o que gera filas de caminhões e perda de valor”, afirmou Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da CNA.
Além dos armazéns, os setores produtivos miram a ampliação de estruturas multimodais, como ferrovias e hidrovias, para dar vazão à produção agropecuária.
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