Abate recorde e exportações históricas marcam a pecuária brasileira em 2025
Maior volume de abates da história, exportações em alta e demanda externa sustentam o desempenho do setor ao longo do ano
O ano de 2025 foi marcante para a bovinocultura de corte brasileira.
Segundo o analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, o setor foi pautado pelo maior abate da história.
O volume superou a marca de 441,044 milhões de cabeças, contribuindo para a maior produção de carne bovina já registrada, de 11,392 milhões de toneladas.
“Tiveram destaque para esse resultado os abates nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Goiás. Também é preciso mencionar a evolução da região Norte como um relevante polo de produção de carne bovina”, avalia Iglesias.
Outro fator relevante em 2025 foi a resiliência do valor da arroba do boi gordo. Mesmo diante do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, o setor conseguiu alcançar exportações em níveis históricos, totalizando 4,984 milhões de toneladas, com avanço de 19,04% em relação a 2024.
“Os embarques não cresceram apenas em volume, mas também em receita de forma bastante significativa”, comenta o analista.
Demanda externa sustenta preços do boi
Iglesias destaca que os principais mercados compradores da carne bovina brasileira ao longo de 2025 foram a China, seguida por México, União Europeia, Rússia e, antes do tarifaço, os Estados Unidos.
“Grande parte dos abates neste ano foram absorvidos pela demanda externa, o que ajudou a manter os preços do boi em bons patamares”, sinaliza.
A demanda interna, por outro lado, seguiu problemática. O analista aponta que o baixo poder de compra da população brasileira limitou o consumo doméstico, fazendo com que a disponibilidade interna de carne bovina caísse 1,96% em 2025, para 6,445 milhões de toneladas.
“O nível de endividamento das famílias segue elevado, boa parte dos recursos de programas sociais do governo foram utilizados pela população para a realização de apostas em jogos de azar e não para a compra de alimentos, o que contribuiu para fazer com que a demanda por carne bovina ficasse reprimida”, afirma.
Concorrência internacional perde fôlego
Concorrentes históricos do Brasil na exportação de carne bovina enfrentaram dificuldades ao longo de 2025. De acordo com Iglesias, Estados Unidos e União Europeia vêm registrando recuos recorrentes em seus rebanhos ao longo da década. A Argentina também atravessou um ano desafiador, com encolhimento do abate, da produção e das exportações.
Conforme o analista, o Brasil reúne uma série de predicados que favorecem sua posição no mercado global.

Precocidade e biosseguridade se destacam como diferenciais importantes, além do avanço no processo de rastreabilidade integral do rebanho bovino, fator que pode ampliar o acesso a mercados com maior grau de exigência sanitária e ambiental.
Investigação chinesa gera apreensão no setor
Apesar do desempenho favorável ao longo de 2025, o setor encerra o ano sob certa apreensão. O motivo é o resultado da investigação chinesa iniciada no fim de 2024, que avalia os impactos da importação de carne bovina sobre a produção local.
O anúncio, previsto inicialmente para novembro deste ano, foi adiado, e a nova data limite para a divulgação de eventuais salvaguardas passou para 26 de janeiro de 2026.
“Este é, sem dúvida, um dos fatores de maior preocupação para os exportadores de carne bovina do Brasil neste final de ano, dada a relevância da China nas compras da proteína”, finaliza Iglesias.








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