De olho no Japão, governo quer exportar carne do RS, PR e SC

O Brasil está negociando sua entrada no mercado de carne bovina do Japão, com foco na produção dos estados do Sul devido à sanidade sanitária já reconhecida. 

A missão japonesa que deve visitar o país em breve, será decisiva para liberar exportações. Apesar das expectativas, as principais regiões produtoras ainda não estão contempladas — o que gera apreensão entre os grandes exportadores. 

O Brasil corre pra reverter esse cenário e iniciar as vendas ainda em 2025.

Negociações em curso

O governo brasileiro mobilizou seus esforços para conquistar o exigente mercado japonês de carne bovina. As negociações estão concentradas nos estados do Sul — Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina — que, apesar de responderem por menos de 4% das exportações brasileiras, têm sido os mais rápidos a obter o status sanitário exigido pelo Japão.

Essa estratégia tem gerado preocupação entre as grandes regiões produtoras, como São Paulo e Mato Grosso, que representam cerca de 60% das exportações nacionais.

Em março, durante viagem oficial ao Japão, o presidente Lula teve reuniões com autoridades japonesas, incluindo o primeiro-ministro e o ministro da Agricultura do país asiático. A meta: conquistar o mercado ainda em 2025, após o Brasil alcançar o status de livre de febre aftosa sem vacinação.

Missão sanitária como passo decisivo

Para viabilizar a abertura do mercado, o Brasil receberá uma missão técnica japonesa que avaliará o sistema sanitário das unidades produtivas dos estados.

O foco está nas adequações regionais, enquanto os frigoríficos se mobilizam para acelerar esse reconhecimento.

Santa Catarina já protagonizou avanços significativos. Em junho, técnicos japoneses fizeram uma auditoria em órgãos sanitários e frigoríficos do estado.

À comitiva, foi destacado que o estado já exporta carne suína ao Japão e quer expandir para carne bovina. Um protocolo de intenções com a japonesa Marubeni também reforçou a confiança bilateral.

Se a missão acabar com parecer favorável, SC — e outros estados do Sul — podem receber habilitação parcial para exportar ainda em 2025.

A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) sugeriu ao Japão adotar o protocolo sanitário que já funciona com os EUA para agilizar o processo, mas o governo prefere manter um protocolo próprio e independente.