Farelo de soja brasileiro bate recorde e conquista o mundo

O farelo de soja está em alta no mercado global, batendo recordes de exportação, veja a seguir

Farelo de soja brasileiro bate recorde e conquista o mundo
Ilustrativa

O agronegócio brasileiro tem muitos motivos para comemorar, e um dos principais protagonistas do momento é um produto que, embora não chegue diretamente à nossa mesa, é fundamental para a cadeia alimentar global. Estamos falando do farelo de soja, um dos derivados mais importantes do grão.

Dados recentes do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) revelam um desempenho histórico. De janeiro a outubro, o Brasil exportou impressionantes 19,6 milhões de toneladas do produto, um recorde absoluto para o período. Esse número não apenas reforça a posição do país como uma potência agrícola, mas também sinaliza mudanças interessantes no comércio internacional, com novos países buscando a qualidade e a confiabilidade do produto nacional. Vamos entender juntos o que está por trás desse sucesso e o que ele significa para o produtor e para o Brasil.

O que explica o sucesso do farelo de soja brasileiro?

Para quem não está familiarizado com o termo, o farelo de soja é o resultado do processamento do grão de soja após a extração do óleo. O produto final é uma matéria-prima extremamente rica em proteína, tornando-se um ingrediente essencial na fabricação de rações para aves, suínos, bovinos e peixes. Em resumo, ele é a base da nutrição animal em escala mundial, garantindo a produção de carne, ovos, leite entre outros que abastecem o planeta. A força do Brasil nesse mercado vem da combinação de uma produção de soja em larga escala, tecnologia de ponta no campo e uma indústria de esmagamento eficiente.

O recorde de exportação é um reflexo direto da alta qualidade do farelo de soja nacional e da confiança que os mercados internacionais depositam em nossos produtores. A crescente demanda global por proteína animal impulsiona diretamente a procura por rações de alto valor nutritivo. Nesse cenário, o Brasil se destaca como um fornecedor constante e confiável, capaz de atender a volumes expressivos sem comprometer os padrões de qualidade. Além disso, a competitividade do nosso produto, influenciada por fatores como câmbio e logística, também contribui para essa performance espetacular.

Novos mercados abrem as portas para o produto nacional

Uma das notícias mais animadoras reveladas pelo Cepea é a diversificação dos nossos clientes. Embora mercados tradicionais continuem importantes, o crescimento da demanda vem de lugares menos óbvios. Países como Espanha, Dinamarca, Bangladesh e Portugal estão aumentando significativamente suas compras, mostrando que o alcance do agronegócio brasileiro está se expandindo. Essa diversificação é estratégica, pois reduz a dependência de poucos grandes compradores e torna a nossa balança comercial mais resiliente a instabilidades geopolíticas ou econômicas em uma única região.

Segundo o Centro de Pesquisas, a demanda está aquecida, sobretudo por parte de novos países e/ou de destinos pouco tradicionais, como Espanha, Dinamarca, Bangladesh e Portugal.

Essa expansão para novos horizontes não acontece por acaso. É fruto de um trabalho contínuo de negociações comerciais, certificações de qualidade e da capacidade do setor de se adaptar às exigências específicas de cada mercado. Para o produtor rural, essa notícia significa mais oportunidades e maior liquidez para seu produto, seja ele vendido como grão para a indústria ou já processado. O aquecimento da demanda interna, completa o quadro positivo, garantindo que a produção tenha um destino certo, tanto dentro quanto fora do país.

E a soja em grão? A China continua sendo a grande parceira

Enquanto o farelo de soja brilha com novos parceiros, a soja em grão, a matéria-prima de tudo isso, mantém sua forte relação com o mercado chinês. Na parcial do ano, o Brasil exportou 100,6 milhões de toneladas do grão, um volume 6,7% superior ao do mesmo período de 2024. Desse total, a China foi o destino de 78,8 milhões de toneladas, consolidando-se como nossa principal parceira comercial no agronegócio. Essa dinâmica mostra a força do complexo soja como um todo.

Exportar o farelo de soja em vez de apenas o grão é um sinal de amadurecimento da nossa cadeia produtiva. Ao processarmos a soja internamente, agregamos valor ao produto, gerando mais empregos e movimentando a indústria nacional. A venda do farelo e do óleo de soja representa um passo adiante na cadeia, transformando o Brasil não apenas em um celeiro, mas também em uma fábrica do mundo. A coexistência de um forte mercado para o grão e um mercado recordista para o farelo mostra a versatilidade e a robustez do setor.

De olho na lavoura: o ritmo do plantio da nova safra

Com os olhos no presente e no futuro, o campo não para. As chuvas generalizadas que caíram sobre grande parte do Brasil trouxeram alívio e criaram condições favoráveis para o plantio da nova safra de soja. No entanto, o ritmo dos trabalhos está um pouco mais lento este ano. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o início de novembro, a semeadura atingiu 47,1% da área estimada. Este número está abaixo dos 53,3% registrados na mesma época em 2024 e da média de 54,7% dos últimos cinco anos.

Essa pequena defasagem não é motivo para alarme, mas sim um ponto de atenção para o produtor. O clima dita o ritmo no campo e, por vezes, a janela ideal de plantio pode ser mais curta ou exigir mais agilidade. Nesse momento, a gestão da propriedade se torna ainda mais crucial. O produtor precisa estar atento para:

  • Monitorar a umidade do solo para garantir a germinação ideal;
  • Ajustar o calendário de plantio para aproveitar as melhores condições climáticas;
  • Gerenciar o estoque e a logística de insumos, como sementes e fertilizantes;
  • Acompanhar de perto as previsões do tempo para tomar as melhores decisões.

A expertise do agricultor brasileiro, aliada a ferramentas de agricultura de precisão, será fundamental para superar esses desafios e garantir mais uma safra de sucesso. A Embrapa e outras instituições de pesquisa fornecem informações valiosas para auxiliar nesse planejamento, garantindo que a produtividade continue alta.

O recorde na exportação de farelo de soja é uma vitória que reflete o trabalho de milhões de brasileiros, do campo à indústria. Ele demonstra a força, a qualidade e a crescente importância do nosso agronegócio no cenário global. Ao mesmo tempo em que celebramos esses números, o setor já está focado na próxima safra, plantando as sementes que garantirão a continuidade desse ciclo de sucesso, alimentando o Brasil e o mundo com eficiência e sustentabilidade.

AGRONEWS