Plano Safra 2025/26 prevê crédito recorde, mas FPA alerta para alta de juros e redução de subsídios

O governo federal anunciou o Plano Safra 2025/26 com a previsão de R$ 516,2 bilhões para fomentar o setor agropecuário brasileiro.

Plano Safra 2025/26 prevê crédito recorde, mas FPA alerta para alta de juros e redução de subsídios
Ilustrativa

O governo federal anunciou o Plano Safra 2025/26 com a previsão de R$ 516,2 bilhões para fomentar o setor agropecuário brasileiro. O montante representa o maior já destinado ao programa, mas a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) alerta que, por trás dos números, os produtores rurais terão de lidar com juros mais altos, redução de subsídios e distorções na divulgação dos recursos.

Segundo dados do Banco Central, na safra 2024/25 foram executados R$ 298,4 bilhões em crédito rural, resultado 14% inferior ao registrado no período anterior. O Pronamp, linha de crédito subsidiada para médios produtores, recebeu R$ 56,5 bilhões, o que significou um aumento de 11,9%. Já os grandes produtores registraram retração de 21,4%, somando R$ 242 bilhões em operações.

Um ponto destacado pela FPA é a inclusão de R$ 185 bilhões em Cédulas de Produto Rural (CPR) no total anunciado para o novo Plano Safra. Segundo a Frente Parlamentar, esses títulos são instrumentos privados de comercialização futura de produtos agropecuários, e não recursos públicos injetados diretamente no crédito rural. Para a bancada, essa estratégia acaba inflando a percepção do volume de aporte governamental ao setor.

A FPA também questiona os números divulgados sobre a taxa de contratação de recursos na safra passada. Embora o governo tenha anunciado que 97,5% do valor previsto foi contratado, dados detalhados apontam que, desconsiderando operações com CPRs, apenas R$ 389,3 bilhões de um total de R$ 476 bilhões foram efetivamente tomados pelos produtores — o equivalente a 81,8%.

Outro fator de preocupação para a Frente Parlamentar da Agropecuária são os juros praticados para a próxima safra. No Pronamp, a taxa passou de 8% para 10% ao ano, enquanto na linha Moderfrota, destinada à compra de máquinas agrícolas, saltou de 8,5% para 13,5%. Para operações de custeio em geral, a taxa avançou de 12% para 14%. Com a Selic em 15% ao ano, a FPA estima que os custos adicionais em juros podem chegar a R$ 58 bilhões para o setor produtivo.

A subvenção ao crédito rural também foi reduzida, destaca a FPA. O montante caiu de R$ 16,3 bilhões em 2024 para R$ 13,5 bilhões em 2025, uma retração de 17,5%. Deste total, R$ 9,56 bilhões se destinam à agricultura familiar e R$ 3,94 bilhões à agricultura empresarial.

Outro ponto de alerta para a bancada do agro é a proposta de tributação das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), prevista na Medida Provisória 1303/2025. As LCAs hoje representam cerca de 43% do financiamento ao setor, e a FPA avalia que a tributação pode comprometer a atratividade desses papéis, afastar investidores e reduzir a liquidez do mercado rural.

Além disso, a Frente Parlamentar chama atenção para a execução do seguro rural, considerada insuficiente. Dos R$ 1 bilhão previstos no orçamento de 2025, apenas R$ 67 milhões foram executados até agora — cerca de 6% do total — deixando os produtores expostos a perdas decorrentes de eventos climáticos.

Apesar desses desafios, o setor agropecuário continua a sustentar a economia nacional. O Valor Bruto da Produção (VBP) deve alcançar R$ 1,43 trilhão em 2025, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), sendo R$ 937 bilhões provenientes da agricultura e R$ 495 bilhões da pecuária.

No primeiro trimestre de 2025, o agronegócio respondeu por 23,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, gerou cerca de 171 mil novos postos de trabalho e empregou ao todo 28,5 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE e do Cepea/USP em parceria com a CNA.

Para a FPA, os números mostram a força do setor, mas também reforçam a necessidade de políticas de crédito que combinem recursos robustos e condições financeiras viáveis, para garantir competitividade e segurança ao produtor rural.

 

Com informações da FPA

FONTE: Agro+
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