Custo dos grãos sobe e poder de compra do avicultor cai

O poder de compra frente ao milho cai ao menor patamar do ano, acendendo um alerta para a rentabilidade na avicultura de postura

Custo dos grãos sobe e poder de compra do avicultor cai
Ilustrativa

O final do ano de 2025 trouxe um cenário de atenção para o avicultor de postura. Dados recentes do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) revelam uma pressão crescente sobre as margens de lucro do produtor. Em novembro, a capacidade de compra do avicultor paulista em relação ao milho registrou o terceiro recuo consecutivo, atingindo seu ponto mais baixo no ano.

A situação não é diferente com o farelo de soja, principal componente proteico da ração, cujo poder de compra vem diminuindo há cinco meses. Esse aperto financeiro, onde o custo da produção sobe mais rápido que o preço de venda dos ovos, exige uma análise cuidadosa e uma gestão ainda mais eficiente da granja para garantir a sustentabilidade do negócio.

Entendendo a balança: Ovos versus Custo da Ração

Quando falamos em poder de compra no agronegócio, estamos nos referindo à chamada “relação de troca”. De forma simples, é uma conta que mostra quantos produtos o agricultor precisa vender para comprar uma unidade de insumo. No caso da avicultura de postura, a pergunta é: quantas caixas de ovos são necessárias para comprar uma tonelada de milho ou de farelo de soja? Quando essa relação piora, significa que o produtor precisa trabalhar mais e vender mais ovos para adquirir a mesma quantidade de ração que comprava antes.

A queda para o menor patamar do ano, em termos reais, significa que, mesmo descontando a inflação, a situação é a mais delicada dos últimos meses. Para o produtor que acompanha o fluxo de caixa diário, isso se traduz em menos dinheiro sobrando ao final do mês. Essa conjuntura reforça a importância de monitorar os indicadores de mercado, pois eles são o termômetro que mede a saúde financeira da atividade e permitem antecipar movimentos para mitigar perdas e aproveitar oportunidades.

Milho e Soja: Por que os preços dos insumos não dão trégua?

A ração representa a maior fatia dos custos de produção na avicultura, podendo chegar a mais de 70% do total. Por isso, qualquer oscilação nos preços do milho e do farelo de soja impacta diretamente a lucratividade. Diversos fatores globais e locais influenciam essas cotações. A demanda internacional aquecida, especialmente por parte de grandes compradores, o comportamento do dólar frente ao real e as condições climáticas que afetam as safras no Brasil e em outros países produtores são peças-chave nesse quebra-cabeça.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o balanço entre oferta e demanda de grãos é um jogo constante. Projeções de safra, estoques de passagem e o ritmo das exportações são variáveis que ditam os preços no mercado interno. O produtor de ovos, portanto, está diretamente ligado a essa dinâmica complexa. A alta nos custos dos grãos não é um problema isolado da granja, mas um reflexo de um cenário macroeconômico que exige planejamento estratégico na compra de insumos.

O poder de compra frente ao milho cai ao menor patamar do ano

Se de um lado os custos subiram, do outro, o preço do ovo não acompanhou o ritmo. O relatório do Cepea é claro ao apontar que a maior oferta de ovos no mercado interno pressionou as cotações para baixo em novembro. Na importante praça de Bastos (SP), o preço médio da caixa de ovos brancos tipo extra caiu 6%, ficando em R$ 131,48, enquanto os ovos vermelhos tiveram uma queda de 5,9%, com média de R$ 144,98. Esse aumento na disponibilidade do produto pode estar ligado a fatores como o aumento do plantel de poedeiras ou a um ajuste na demanda do consumidor.

Pesquisadores explicam que a maior oferta no mercado interno pressionou as cotações dos ovos ao longo de novembro.

Apesar do cenário desafiador, há uma nota de resiliência. No comparativo anual, a relação de troca ainda é positiva, com avanços de até 20% frente ao farelo e 11% sobre o milho. Isso mostra que, embora o momento seja de aperto, a atividade vem de um período mais favorável. A situação atual, em que o poder de compra frente ao milho cai ao menor patamar do ano, serve como um lembrete de que o mercado é cíclico e a gestão precisa estar preparada para as fases de baixa.

Como o produtor pode se proteger e otimizar a granja?

Diante da pressão sobre as margens, a eficiência dentro da porteira se torna ainda mais crucial. Não é possível controlar o preço do milho ou a taxa de câmbio, mas é possível otimizar processos para reduzir custos e perdas. A gestão se torna a principal ferramenta para navegar em águas turbulentas. Algumas estratégias práticas podem fazer a diferença no dia a dia do avicultor:

  • Aprimorar a gestão de compras de insumos, buscando travar preços em momentos favoráveis ou realizando compras coletivas para ganhar escala;
  • Investir no manejo nutricional e na ambiência para melhorar a conversão alimentar, garantindo que as aves produzam mais ovos com a mesma quantidade de ração;
  • Redobrar a atenção com o controle sanitário para evitar doenças que possam impactar a produtividade do lote;
  • Explorar diferentes canais de venda, buscando agregar valor ao produto com embalagens diferenciadas ou certificações.

Olhando para frente: Cenário para os próximos meses

O setor de avicultura de postura no Brasil é um dos mais tecnificados e eficientes do mundo. A capacidade de adaptação do produtor brasileiro é uma marca registrada que já ajudou a superar diversas outras crises de mercado. Instituições como a Embrapa Suínos e Aves trabalham continuamente no desenvolvimento de tecnologias e manejos que visam aumentar a produtividade e a sustentabilidade da atividade, oferecendo um suporte técnico valioso para o campo.

Para os próximos meses, o mercado seguirá atento às projeções da safra de grãos e ao comportamento da demanda por ovos, que tende a ser influenciada pela situação econômica do país. A volatilidade deve continuar, exigindo do produtor uma postura atenta e proativa. A informação de qualidade e o planejamento estratégico são os melhores aliados para atravessar períodos em que o poder de compra frente ao milho cai ao menor patamar do ano e para se posicionar de forma a colher os frutos quando o ciclo de mercado se inverter.

Em resumo, o cenário atual exige cautela e uma gestão impecável. A pressão nos custos é real e o mercado de ovos responde à lei da oferta e da procura. Contudo, a visão de longo prazo, apoiada em eficiência produtiva e boa administração, continua sendo o caminho mais seguro para garantir a saúde e a perenidade do negócio na avicultura de postura. Acompanhar os indicadores e adaptar-se rapidamente às mudanças é a tarefa de casa para quem produz. Clique aqui e acompanhe o agro.

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