Armazenagem cresce 72% nas fazendas, mas déficit logístico segue crítico, diz Conab

Órgão aponta avanço logístico no Arco Norte, mas vê gargalos nas novas fronteiras agrícolas

Armazenagem cresce 72% nas fazendas, mas déficit logístico segue crítico, diz Conab
Ilustrativa

 capacidade de armazenagem em propriedades rurais no Brasil cresceu 72,13% nos últimos 15 anos, atingindo 35 milhões de toneladas em 2025, segundo o Anuário Agrologístico 2025 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quinta-feira (5).

O avanço reflete o esforço dos produtores por maior autonomia comercial e redução de perdas pós-colheita. No entanto, a Conab observa uma tendência de estabilização a partir de 2023, com a curva de crescimento menos acentuada. Ainda assim, a armazenagem on-farm representa apenas 16,8% da capacidade estática total do país.

Agora considerando toda a infraestrutura de armazenagem — incluindo armazéns públicos e privados —, o Brasil alcançou 212,1 milhões de toneladas em 2024, um aumento de 52,49% desde 2010. A estrutura segue concentrada em três estados: Mato Grosso (33%)Rio Grande do Sul (19%) e Paraná (18%).

Se concentração permanece elevada em três estados - Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul -, há um descompasso crescente nas chamadas novas fronteiras agrícolas, como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e Sealba (Sergipe, Alagoas e Bahia), onde a produção avança mais rápido que a infraestrutura disponível.

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Arco Norte ganha protagonismo

O anuário aponta ainda que as exportações de milho e soja pelo Arco Norte cresceram 57% entre 2020 e 2024, saindo de 36,7 milhões para 57,6 milhões de toneladas. Portos como Itaqui (MA) e Barcarena (PA) tiveram saltos de 80,3% e 70,3%, respectivamente.

 A logística multimodal, com maior uso de ferrovias e hidrovias, foi crucial para esse resultado.

“O Brasil caminha para uma nova configuração logística agroindustrial, na qual o fortalecimento do Arco Norte, os investimentos em infraestrutura ferroviária e hidroviária, e a ampliação da capacidade de armazenagem são pilares fundamentais para aumentar a competitividade do agronegócio”, disse o presidente da Conab, Edegar Pretto. 

Portos do Arco Norte, Santos (SP) e Paranaguá (PR) concentraram 81,2% das exportações de milho e soja em 2024. Somente a região Norte respondeu por 38% do volume total. 

Modais de transporte e fertilizantes

Mesmo com os avanços, o Brasil segue dependente do transporte rodoviário. O volume de grãos escoado por caminhões saltou de 16,7 milhões de toneladas em 2010 para 69,2 milhões em 2024 – mais de quatro vezes em 14 anos. 

O transporte ferroviário cresceu em volume absoluto, mas perdeu participação relativa: de 53% das exportações de grãos em 2010 para 36% em 2024. Já as hidrovias avançaram de 3,4 milhões para 24,6 milhões de toneladas no mesmo período. 

O número de armazéns com acesso hidroviário cresceu 24% desde 2017, sinalizando uma transição para modelos mais sustentáveis. O governo anunciou ainda R$ 4,8 bilhões em investimentos nas hidrovias pelo Novo PAC. 

Quanto aos fertilizantes, a Conab destaca que a logística interna e o avanço na internalização dos insumos também influenciam as decisões logísticas. A proximidade com áreas produtoras tem induzido a migração de rotas para o Norte, reduzindo custos e ampliando a eficiência do escoamento.

FONTE: AgrofyNews
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