Crise financeira no campo: Aprosoja MT alerta para endividamento recorde e pede ações urgentes do governo
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) emitiu um alerta contundente sobre a grave crise financeira enfrentada pelos produtores rurais em todo o Brasil, especialmente em Mato Grosso, maior estado produtor de grãos do país.

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) emitiu um alerta contundente sobre a grave crise financeira enfrentada pelos produtores rurais em todo o Brasil, especialmente em Mato Grosso, maior estado produtor de grãos do país. A combinação de queda nos preços das commodities, aumento nos custos de produção, juros elevados e dificuldade de acesso ao crédito tem levado milhares de agricultores ao endividamento e, em muitos casos, à insolvência.
De acordo com dados do Banco Central, o endividamento rural brasileiro alcançou R$ 706,8 bilhões em maio de 2024. Em Mato Grosso, o cenário é agravado pelo chamado “Efeito Tesoura”: enquanto o preço da saca de soja caiu de R$ 191,50 em 2022 para menos de R$ 110 em 2025, o custo médio por hectare ultrapassa R$ 7.118,00 — exigindo produtividade mínima de 62 sacas apenas para cobrir os custos. Fertilizantes e defensivos representam juntos cerca de 75% dos gastos por hectare.
A Aprosoja MT também aponta um crescimento preocupante dos pedidos de recuperação judicial, com produtores se tornando credores sem garantia após entregas ou pagamentos não honrados. Medidas do Governo Federal, como o aumento do IOF e taxações sobre Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), agravaram ainda mais o cenário. Enquanto o crédito agrícola caiu 14% no país, o recuo em Mato Grosso chegou a 27,6%.
“A crise que enfrentamos é silenciosa, mas devastadora. Não é resultado de má gestão, mas de um conjunto de fatores que têm tirado a capacidade dos produtores de permanecerem na atividade”, afirma Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja MT. Ele defende medidas concretas, como a securitização das dívidas rurais e linhas de crédito com taxas compatíveis com a renda atual.
A entidade propõe cinco frentes prioritárias:
-
Securitização urgente das dívidas agrícolas;
-
Crédito emergencial com juros adequados à nova realidade do campo;
-
Revisão dos modelos de barter e proteção contra assimetrias de mercado;
-
Programa de sustentação de preços ou garantia de receita mínima;
-
Revisão de encargos financeiros sobre operações de crédito rural.
O diretor administrativo da entidade, Diego Bertuol, também critica o recuo no Plano Safra e a ausência de sinalizações claras para a próxima edição. “Sem crédito acessível, há risco real de encolhimento da área plantada, perda de empregos e colapso em cadeias produtivas locais”, afirma.
Para Bertuol, os índices de inadimplência rural — que já alcançam quase 30% — não podem ser atribuídos a falhas de gestão, mas sim a um modelo ultrapassado de política agrícola, formulado ainda nos anos 1970.
“Estamos pedindo medidas de segurança econômica e alimentar, não favores. A Aprosoja seguirá cobrando soluções estruturantes com a urgência que o campo exige.”
Com informações da Aprosoja
Hits: 49
Comentários (0)
Comentários do Facebook