Mulheres rurais somam 6,1 milhões e são motor na economia do campo, aponta Censo

A face do campo brasileiro está mudando, e tem um rosto cada vez mais feminino. Mais de 6 milhões de mulheres atuam na produção de alimentos e na gestão de empreendimentos rurais no país.

Mulheres rurais somam 6,1 milhões e são motor na economia do campo, aponta Censo
Ilustrativa

A face do campo brasileiro está mudando, e tem um rosto cada vez mais feminino. Mais de 6 milhões de mulheres atuam na produção de alimentos e na gestão de empreendimentos rurais no país. Longe de serem coadjuvantes, elas são pilares da segurança alimentar, respondendo por 42,4% da renda familiar rural e liderando um movimento em direção à agroecologia.

O Dia Internacional da Mulher Rural, 15 de outubro, serve de lupa para esse protagonismo. Dados do Censo Agropecuário revelam que 1,76 milhão de brasileiras já dirigem ou codirigem estabelecimentos rurais, consolidando sua presença na linha de frente da tomada de decisão. A força é ainda mais notável no Nordeste, onde em estados como a Bahia, com quase 160 mil agricultoras familiares, a contribuição feminina chega a 51% da renda do domicílio.

O impacto da mulher rural vai além da lavoura. A mudança histórica no perfil dos lares brasileiros também se reflete no campo, onde 24,8% das famílias rurais são chefiadas por mulheres, segundo o Censo Demográfico 2022.

“Esses números mostram que as mulheres não são coadjuvantes no agro — elas estão na linha de frente da gestão, da tomada de decisão e da geração de renda. Muitas administram propriedades, coordenam equipes e garantem o sustento de suas famílias”, destaca André Marchetti, consultor técnico em microcrédito rural.

O avanço na gestão e na produção está intimamente ligado à sustentabilidade. Na Agricultura Familiar, 16% dos estabelecimentos já são dirigidos por mulheres, muitas delas à frente de iniciativas como os quintais produtivos apoiados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que investiu quase R$ 68 milhões em agroecologia entre 2023 e 2025.

“As mulheres estão liderando o avanço da agroecologia no Brasil. Elas têm um olhar integrador sobre a terra, sabem equilibrar produtividade e preservação ambiental”, reforça Marchetti.

Apesar da força, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alerta que a América Latina, onde o Brasil se insere, possui a maior disparidade global de insegurança alimentar entre homens e mulheres.

A vulnerabilidade é resultado de desigualdades estruturais. No Brasil, apenas 19% das propriedades rurais estão registradas em nome de mulheres. O acesso a assistência técnica, tecnologia e programas de financiamento ainda é desproporcional, dificultando o pleno desenvolvimento de seu potencial econômico.

“O campo brasileiro tem rosto feminino. Reconhecer isso é essencial para desenhar políticas públicas mais eficazes, que fortaleçam o crédito rural, a educação e a sucessão familiar no campo. O futuro do agro passa, necessariamente, pela mulher”, conclui o especialista.

O enfrentamento dessas barreiras é a chave para consolidar o protagonismo feminino e garantir um desenvolvimento mais inclusivo para toda a economia nacional.

 

Com informações da assessoria de imprensa