Acordo entre o Mercosul e a UE avança mas salvaguardas preocupam o agro brasileiro

Apesar do avanço, o Itamaraty admite preocupação com as salvaguardas que vêm sendo discutidas pelo bloco europeu, sobretudo com impactos diretos sobre o agronegócio.

Acordo entre o Mercosul e a UE avança mas salvaguardas preocupam o agro brasileiro
Ilustrativa

O governo brasileiro trabalha com a expectativa de assinar o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia no próximo dia 20, durante a 67ª Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR). Apesar do avanço, o Itamaraty admite preocupação com as salvaguardas que vêm sendo discutidas pelo bloco europeu, sobretudo com impactos diretos sobre o agronegócio.

Segundo a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Gisela Padovan, o Brasil considera as salvaguardas um ponto sensível das negociações. As medidas vêm sendo articuladas no Parlamento Europeu com o objetivo de proteger o mercado agrícola do bloco contra produtos do Mercosul, que apresentam maior competitividade em custos e escala.

No centro das tensões estão produtos como carne bovina, açúcar, etanol, soja e derivados, principais itens da pauta agroexportadora brasileira para a Europa. Países como a França, maior produtor de carne bovina da União Europeia, lideram a resistência ao acordo, sob o argumento de que os produtos sul-americanos não atenderiam aos padrões ambientais e sanitários europeus.

Do lado brasileiro, há receio de que exigências ambientais e critérios de sustentabilidade sejam utilizados como barreiras comerciais disfarçadas, restringindo o acesso do agro nacional a um mercado de cerca de 720 milhões de consumidores. O governo avalia que esse tipo de mecanismo pode esvaziar parte dos ganhos previstos com a abertura comercial.

As negociações entre Mercosul e União Europeia se arrastam há 26 anos e tiveram seu texto final concluído em dezembro do ano passado. Caso seja assinado, o acordo ainda precisará passar por um longo processo de ratificação nos parlamentos europeus, onde a resistência do setor agrícola pode atrasar ou limitar sua implementação efetiva.

 

Com informações da ag. Brasil