Atvos e NetZero firmam acordo de R$ 30 milhões para produzir biochar de resíduos da cana

Iniciativa em Goiás prevê testes agrícolas, geração de empregos e corte expressivo nas emissões de carbono

Atvos e NetZero firmam acordo de R$ 30 milhões para produzir biochar de resíduos da cana
Ilustrativa

Em potencial para produzir mais de 6,5 mil toneladas do insumo e remover mais de 12 mil toneladas de CO2 da atmosfera por ano

 

A Atvos,uma das maiores empresas do setor sucroalcooleiro do Brasil, e a NetZero, green tech franco-brasileira premiada por soluções de descarbonização, firmaram um Memorando de Entendimento (MoU) para desenvolver um projeto-piloto de produção de biochar em Caçu (GO).

O investimento previsto é de cerca de R$ 30 milhões.

O projeto será instalado na Unidade Rio Claro da Atvos, que já produz etanol e energia elétrica a partir da biomassa da cana-de-açúcar.

A fábrica terá capacidade de produzir mais de 6,5 mil toneladas de biochar a partir de resíduos da cana, com início das obras previsto para 2025 — sujeito à aprovação de órgãos competentes — e operação programada para o fim de 2026.

A expectativa é de gerar cerca de 150 empregos diretos e indiretos. A planta contará com a tecnologia NetZero One, sistema industrial que integra produção e certificação do biochar.

Tecnologia e sustentabilidade

Segundo a Atvos, o insumo tem potencial de sequestrar mais de 12 mil toneladas de CO₂ por ano, além de melhorar a absorção de fertilizantes e reter a umidade do solo.

“Construir uma fábrica de biochar fortalece o compromisso da Atvos em se tornar uma referência nas agendas de mudanças climáticas, pois além de melhorar a absorção de fertilizantes nas nossas operações, esse insumo tem potencial para sequestrar mais de 12 mil toneladas de dióxido de carbono da atmosfera por ano”, afirma Bruno Serapião, CEO da Atvos.

“Esse é mais um importante passo para mostrarmos que o etanol da cana-de-açúcar pode se tornar uma das mais valiosas soluções energéticas com menor pegada de carbono do mundo, com potencial real, inclusive, para se tornar um biocombustível com emissões negativas num futuro próximo”, completa.

Pedro de Figueiredo, cofundador da NetZero e CEO no Brasil, ressalta o ineditismo da iniciativa.


“É a primeira vez que um projeto de biochar industrial vai ser implementado com um grande player do setor sucroenergético. Ao unir nossa tecnologia premiada à expertise industrial da Atvos, estamos criando um modelo que demonstra como é possível aliar competitividade, sustentabilidade e inovação de ponta”, sustenta.

Testes e processo de produção

Testes em larga escala já estão em andamento nas lavouras da Unidade Rio Claro.

O biochar é altamente poroso, com capacidade de retenção de água e nutrientes, aumentando a saúde do solo e a produtividade. Ao ser incorporado, sequestra carbono de forma definitiva e reduz emissões agrícolas.

O insumo é obtido por pirólise — processamento térmico de resíduos como bagaço e palha da cana em altas temperaturas e ausência de oxigênio. O processo, circular e autossustentável, também gera energia renovável residual que pode ser reaproveitada.

Aplicado no plantio, o biochar armazena carbono por centenas ou até milhares de anos, transformando resíduos que antes seriam queimados em um dos créditos de carbono mais estáveis e valiosos do mercado.

Expansão da Atvos em Goiás

A Atvos mantém três operações em Goiás, em Mineiros, Perolândia e Caçu, que somam mais de 2,8 mil empregos diretos e 8,6 mil indiretos. A empresa moe mais de 11 milhões de toneladas de cana por ano, produz cerca de 1 bilhão de litros de etanol e cogera mais de 1,3 GWh de energia elétrica no estado.

Em abril, a companhia também anunciou parceria com a startup japonesa Tsubame BHB para instalar em Mineiros uma fábrica de amônia aquosa verde, com capacidade de 20 mil toneladas anuais.

O projeto busca substituir fertilizantes nitrogenados de base fóssil, com potencial de evitar 11 mil toneladas de CO₂ por ano.

Atvos investimento

Na segunda-feira, foi divulgado que aA Atvos ensaia um pacote de investimentos de R$ 2,36 bilhões em Mato Grosso do Sul. A informação foi dada pelo governador Eduardo Riedel (PP) em entrevista ao jornal Correio do Estado.

Segundo ele, o investimento será feito em três novos projetos industriais em Mato Grosso do Sul.  O pacote prevê duas fábricas de etanol de milho, em Nova Alvorada do Sul e em Costa Rica, e uma planta de biometano em escala inédita, também em Nova Alvorada do Sul.