SP: turismo rural e queijo artesanal impulsionam o leite
Pequenos e médios produtores do Vale do Paraíba encontram no queijo artesanal e no turismo rural caminhos viáveis para manter a atividade leiteira.

No Vale do Paraíba, principal bacia leiteira de São Paulo, a pecuária enfrenta desafios históricos que têm impactado especialmente os pequenos e médios produtores. A redução da produção estadual contrasta com uma demanda interna quase seis vezes maior que a oferta local. Apesar das dificuldades dos últimos anos — marcados por custos de produção elevados e preços desestimulantes — a cadeia leiteira paulista mantém sua relevância estratégica, especialmente na oferta de produtos com valor agregado como o leite A2 e os queijos artesanais.
Com forte atuação institucional, o Sindicato Rural de Cruzeiro (SP) lidera ações que buscam reposicionar o leite paulista em um cenário de maior sustentabilidade e eficiência produtiva. Um dos principais focos é a valorização do leite através da produção artesanal de queijos, incentivando a permanência de produtores na atividade. Essa estratégia vem sendo complementada com o desenvolvimento do turismo rural, que inclui roteiros de visitação a queijarias, experiências gastronômicas e vivências na fazenda, criando novas fontes de renda para as famílias rurais.
Queijo artesanal e turismo rural como alavancas para a rentabilidade
A regulamentação adaptada à realidade do queijo artesanal no estado de São Paulo abriu espaço para a viabilização econômica de pequenas e médias propriedades. A valorização desse produto regional permite agregar valor ao leite, favorecendo a manutenção de produtores na atividade e promovendo o desenvolvimento territorial. Além disso, o crescimento dos roteiros de turismo rural, inspirados nos circuitos de vinhos e azeites, fortalece a identidade do interior paulista como destino agroalimentar.
Com apoio de entidades como o Senar e o Sebrae, esses roteiros vêm sendo estruturados de maneira profissional, combinando capacitação técnica, hospitalidade e preservação ambiental. O turismo de experiência — que inclui o cotidiano rural, passeios em áreas de Mata Atlântica e observação de aves — vem se consolidando como uma alternativa econômica promissora em regiões como Cruzeiro.
Sustentabilidade e restauração ambiental como eixos da agropecuária moderna
A atuação do Sindicato Rural de Cruzeiro também se destaca pela implementação de dois programas ambientais que unem conservação e produtividade. Um deles é o Protetor da Mantiqueira, que atua na restauração florestal em áreas de preservação como RPPNs e o Monumento Natural Mantiqueira Paulista. O projeto integra ações de saneamento básico, uso de frutas nativas para restauração e incentivo a cadeias produtivas sustentáveis voltadas ao turismo.
Já o Programa Produtor Sustentável, financiado pelo Fehidro, se concentra em recuperar nascentes, matas ciliares e APPs hídricas em microbacias responsáveis pelo abastecimento público. Essas iniciativas contam com o envolvimento direto de cooperativas, ONGs, empresas privadas e órgãos governamentais, assegurando um modelo de assistência técnica e gestão que equilibra viabilidade econômica e responsabilidade ambiental.
Eficiência produtiva e conservação caminham juntas
Na visão da liderança regional, não é mais possível dissociar produção agropecuária e preservação ambiental. Práticas conservacionistas — como tratamento de dejetos, uso de fertilizantes orgânicos, plantio direto e curvas de nível — tornam-se não só uma obrigação legal, mas um diferencial competitivo exigido pelos consumidores.
A busca por sustentabilidade inclui ainda o bem-estar animal, o avanço tecnológico no campo e a melhoria da remuneração dos trabalhadores rurais. Em São Paulo, onde o salário mínimo é o mais alto do país, a valorização da mão de obra e a qualificação profissional são prioridades. Essas ações são reforçadas pela atuação integrada do Sistema Faesp/Senar, que oferece suporte técnico e formação aos produtores e suas famílias.
Avanços necessários e exigências do mercado consumidor
Mesmo com indicadores positivos, a agropecuária paulista ainda precisa avançar em áreas como a comunicação com o consumidor e a sucessão familiar. Essas pautas são cada vez mais debatidas entre lideranças do setor, pois representam pilares para a continuidade das propriedades rurais.
Outro ponto estratégico é o fortalecimento de programas de Pagamento por Serviços Ambientais e a entrada no mercado voluntário de carbono, que já começa a se estruturar como fonte de renda adicional para quem produz com responsabilidade. O consumidor moderno, cada vez mais exigente, tem pressionado por transparência, rastreabilidade e práticas sustentáveis — e essas exigências já superam a mera conformidade legal, tornando-se parte da própria lógica de mercado.
As informações são do Estadão, adaptadas pela equipe MilkPoint
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