Impacto no agro: Inmet prevê calor acima da média e chuvas irregulares até novembro

Previsão indica déficit hídrico no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, enquanto o Sul terá excesso de chuva

Impacto no agro: Inmet prevê calor acima da média e chuvas irregulares até novembro
Ilustrativa

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)  lançou, nesta terça-feira (16), o Boletim Agroclimatológico Mensal referente ao trimestre setembro, outubro e novembro de 2025.

documento traz tendências de chuva, temperatura e armazenamento de água no solo em todas as regiões do país, com destaque para os impactos nas atividades agrícolas.

O estudo, elaborado em parceria com o CPTEC/Inpe e a Funceme, indica que os próximos meses devem registrar temperaturas acima da média em praticamente todo o Brasil.

Já as chuvas terão distribuição desigual: déficits mais acentuados no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e excedentes na Região Sul.

Região Norte

O prognóstico mostra chuvas abaixo da média na Ilha de Marajó (PA), sudeste do Pará e região da Cabeça do Cachorro (AM), com reduções de até 50 mm.

Já em Roraima, norte do Amapá, norte do Amazonas, Acre e Rondônia, os volumes devem ficar próximos à climatologia.

As temperaturas devem ficar até 1°C acima da média em áreas como Amapá, Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia, e podem chegar a 2°C acima no centro do Pará e na divisa com Tocantins.

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No solo, há previsão de estoques baixos (inferiores a 30%) em grande parte do Acre, Rondônia, centro-sul do Amazonas, sudeste do Pará e porções do Amapá, especialmente em setembro e outubro. Já no noroeste do Amazonas e extremo oeste de Roraima, os índices ficam acima de 60%.

Em setembro, os déficits hídricos devem ultrapassar 100 mm no Pará, Amapá, Tocantins, Rondônia e centro-sul do Amazonas, atingindo áreas críticas como o nordeste do Pará, centro do Tocantins e oeste do Amapá.

Em novembro, há recuperação parcial no Acre, sul do Pará e sudeste do Amazonas, favorecendo culturas perenes e a agricultura familiar.

Região Nordeste

O boletim indica chuvas abaixo da média no Maranhão, Piauí, grande parte do Ceará e nas regiões central e noroeste da Bahia. Nas demais áreas, os volumes devem se manter próximos à climatologia.

As temperaturas devem variar entre 0,5°C e 2°C acima da média, com aquecimento mais intenso no sul do Maranhão e do Piauí.

No litoral, os estoques de água no solo seguem elevados, acima de 60% até setembro. Já no interior, os índices permanecem baixos, não ultrapassando 30% em estados como Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Em setembro e outubro, o déficit hídrico pode superar 100 mm, limitando o desenvolvimento das culturas de sequeiro e exigindo manejo mais eficiente da água.

Região Centro-Oeste

A previsão indica chuvas próximas da média em quase toda a região, com exceção da porção central de Goiás, leste de Mato Grosso e Distrito Federal, onde os volumes podem ficar até 30 mm acima da climatologia.

As temperaturas devem se manter entre 1°C e 2°C acima da média, principalmente no oeste do Mato Grosso do Sul.

Em setembro e outubro, os estoques de água no solo permanecem baixos, exceto no extremo sul do Mato Grosso do Sul, onde ficam acima de 50%. Em novembro, há recuperação parcial da umidade, ainda que de forma irregular.

O déficit hídrico, superior a 100 mm em setembro no leste de Mato Grosso e oeste de Goiás, pode afetar culturas em maturação, como o milho, além de ampliar o risco de queimadas.

Em novembro, a regularização das chuvas garante condições mais adequadas para o plantio da soja e do milho 1ª safra.

Região Sudeste

Entre setembro e novembro, a previsão aponta chuvas até 30 mm acima da média em todo o Rio de Janeiro e em áreas do centro, sul e noroeste de Minas Gerais. No restante da região, as condições ficam próximas à climatologia.

As temperaturas devem superar a média em todos os estados, chegando a +1°C em São Paulo e Minas Gerais, e até +0,5°C no Espírito Santo e Rio de Janeiro. Em áreas de altitude, podem ocorrer valores abaixo de 20°C.

O solo deve registrar umidade inferior a 30% em setembro e outubro no centro-norte de Minas, Espírito Santo, norte do Rio de Janeiro e noroeste paulista. Em novembro, a recuperação é significativa, com estoques acima de 60% em boa parte da região, exceto no norte mineiro, norte do Espírito Santo, triângulo mineiro e oeste paulista.

A deficiência hídrica em setembro e outubro pode prejudicar o plantio da soja, a florada do café e as pastagens. Já em novembro, excedentes superiores a 80 mm são esperados em áreas como Vale do Paraíba, Zona da Mata e Rio de Janeiro.

Região Sul

A previsão aponta chuvas acima da média em Santa Catarina, sudeste do Paraná e grande parte do Rio Grande do Sul. Os maiores volumes, até 50 mm acima da climatologia, devem ocorrer no nordeste gaúcho e leste catarinense.

As temperaturas permanecem acima da média em toda a região, podendo chegar a +1°C no oeste, mas com aumentos menores (até +0,5°C) no litoral. Em áreas de maior altitude, os valores podem cair abaixo de 13°C.

Os níveis de umidade no solo permanecem elevados, acima de 80% em quase toda a região.

Os excedentes hídricos, que podem superar 150 mm no sul do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, favorecem o trigo, a aveia, a cevada e outras culturas de inverno, além de sustentar o crescimento vegetativo das lavouras.