Com investimento bilionário, Be8 avança em usina de etanol multigrãos no Rio Grande do Sul
Projeto prevê produção anual de 220 milhões de litros e uso de culturas de inverno

A Be8 anunciou nesta terça-feira (8) o início da segunda fase das obras da primeira usina de etanol multigrãos de grande escala do país.
Com investimento total de R$ 1,1 bilhão, a unidade está sendo construída em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, e utilizará trigo e outros cereais como matéria-prima para a produção do biocombustível.
Com área de 80 hectares, a planta terá capacidade de produção anual de 220 milhões de litros de etanol e incluirá a primeira unidade industrial de glúten vital do Brasil, voltada ao abastecimento do mercado nacional e do Mercosul.
A previsão é que as operações comecem no segundo semestre de 2026. No pico das obras, serão gerados até 2 mil empregos. Após a conclusão, o empreendimento deve empregar 175 trabalhadores de forma direta e cerca de 1,5 mil de forma indireta.
A usina contará com cogeração de energia a partir de biomassa, reaproveitamento de efluentes no processo produtivo e oferta de energia excedente à rede de Passo Fundo.
A unidade será flexível, com capacidade de produção de 209 milhões de litros anuais de etanol anidro (misturado à gasolina) ou hidratado (consumo direto), o que equivale a aproximadamente 20% da demanda do Rio Grande do Sul — que hoje depende de importações de outros estados.
A planta vai processar 525 mil toneladas de cereais por ano, como trigo, triticale e milho, para a produção de etanol e de DDGS (Distiller’s Dried Grains with Solubles, ou Grãos Secos de Destilaria com Solúveis, em português), subproduto utilizado na alimentação animal.
BNDES aprovou financiamento
O projeto conta com apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que aprovou, em março, financiamento de R$ 729,7 milhões para a construção da unidade.
A implantação da usina também tem suporte do programa estadual Pró-Etanol, criado em 2021 para estimular a produção de biocombustíveis a partir de culturas de inverno.
A Be8 foi uma das empresas contempladas, firmando protocolo de intenções com o governo estadual em 2022.
O programa inclui, entre outros benefícios, a concessão de crédito presumido de ICMS aos produtores.
Segundo o presidente da Be8, Erasmo Carlos Battistella, a nova usina simboliza a realização de um projeto estratégico.
“O ano foi muito positivo para a Be8, com avanços expressivos em diversas áreas. Mesmo em um cenário desafiador, apuramos os melhores resultados financeiros da nossa história, com mais de 900 milhões de litros de biodiesel produzidos. Investimos fortemente em capital humano e projetos estratégicos que agora ganham forma com essa nova planta”, afirmou.
A expectativa é que a nova unidade contribua significativamente para a valorização da produção agrícola local. Com o uso de cereais como trigo, triticale e milho, estima-se um aumento superior a 250 mil hectares na área de cultivo de inverno voltada à produção de biocombustíveis — sem impactar a oferta de alimentos.
A previsão é de que a usina atenda até 23% da demanda estadual por etanol a partir de 2027.
Educação
Além do impacto econômico, o projeto também prevê iniciativas voltadas ao desenvolvimento educacional da região. A Be8 firmou parceria com a Universidade de Passo Fundo (UPF) para a criação de um curso técnico em Biocombustíveis, voltado à formação de mão de obra especializada para o setor.
Com sede em Passo Fundo, a Be8 é a maior produtora de biodiesel do Brasil. A empresa atua em seis estados brasileiros e mantém operações no Paraguai e na Suíça. Em 2024, registrou receita líquida de R$ 7,3 bilhões e EBITDA de R$ 599,3 milhões — o maior de sua história.
Neste ano, a companhia também se tornou a primeira da América do Sul a obter certificação da California Air Resources Board (Carb) para exportar biodiesel à base de gordura animal para o exigente mercado da Califórnia, nos Estados Unidos.
Em outra frente de inovação, a Be8 lançou o Be8 Bevant, novo biocombustível capaz de substituir integralmente o óleo diesel em motores convencionais. A previsão é que a produção comece ainda em 2025.
O projeto representa investimento de R$ 80 milhões e terá capacidade de até 150 milhões de litros por ano.
A empresa também tem avançado em parcerias com instituições de pesquisa. Em conjunto com a Embrapa Trigo, desenvolve cultivares de triticale voltadas à produção de etanol, com foco em produtividade e resistência a estresses climáticos.
No campo financeiro, a Be8 realizou em 2024 sua primeira emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), levantando R$ 200 milhões para aquisição de matérias-primas.
Durante o lançamento da nova fase do projeto, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), destacou a relevância estratégica do investimento.
“Estamos falando de um investimento histórico, que combina inovação, sustentabilidade e desenvolvimento regional. A Be8 está construindo não apenas a maior usina de etanol do Estado, mas também um novo capítulo para o futuro energético do Rio Grande do Sul”, afirmou.
Por redação | Agrofy News
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