Megaoperação da PF investiga fraude fiscal de R$ 26 bilhões em empresa de combustíveis

São investigados 190 suspeitos ligados ao Grupo Refit, do empresário Ricardo Magro, apontado como um dos maiores devedores tributários da União

Megaoperação da PF investiga fraude fiscal de R$ 26 bilhões em empresa de combustíveis
Ilustrativa

Uma força-tarefa deflagrada nesta quinta-feira (27) investiga cerca de 190 suspeitos ligados ao Grupo Refit, do empresário Ricardo Magro, apontado como o maior devedor de ICMS do estado de São Paulo e um dos maiores devedores tributários da União. 

O Grupo Refit é dono da antiga refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e de dezenas de empresas do setor de combustíveis. 

Segundo as autoridades, o grupo pode ter causado um prejuízo estimado em R$ 26 bilhões aos cofres públicos por meio de fraude fiscal, crimes contra a ordem econômica e lavagem de dinheiro.

A investigação identificou uma rede complexa de empresas envolvidas desde a importação até a distribuição e venda de combustíveis, com uso de postos clandestinos e empresas de conveniência como fachada para ocultar patrimônio e sonegar impostos. 

A polícia suspeita que, assim como na operação Carbono Oculto, fintechs a fundos de investimento também estariam ligados ao esquema de sonegação de imposto.  

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em diversos estados, em um esforço coordenado entre o Ministério Público, polícias, Receita Federal e secretarias estaduais da Fazenda. 

Em setembro, a Receita e Agência Nacional do Petróleo interditaram a Refit e apreenderam navios carregados de combustível importado irregularmente da Rússia.

Mandados em cinco estados

Os mandados são cumpridos em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Maranhão e no Distrito Federal, segundo apuração do G1.

Batizada de Poço de Lobato, a ação mobiliza 621 agentes públicos, entre promotores de Justiça, auditores fiscais da Receita Federal, das secretarias da Fazenda do município e do estado de São Paulo, além de policiais civis e militares.

O que vem pela frente

As autoridades prometem avançar com o bloqueio de bens, restrições financeiras e apreensões de patrimônio, em busca de recuperar o valor sonegado e desarticular a rede criminosa.

O Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Cira-SP) conseguiu bloquear na Justiça R$ 8,9 bilhões de pessoas envolvidas no esquema.

Em paralelo, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional conseguiu na Justiça Federal a indisponibilidade de mais R$ 1,2 bilhão da organização criminosa.

Agro de olho

O impacto de uma operação dessa magnitude ultrapassa o setor de combustíveis. Se confirmadas as irregularidades, o repasse de custos, entre insumos, transporte e logística de toda a cadeia produtiva pode ser afetado.

Produtores rurais, frigoríficos, cooperativas e exportadores que dependem de frete rodoviário e combustíveis podem sofrer com escassez, eventual alta de preços e instabilidades logísticas, como já observado em crises anteriores no setor.

Além disso, a insegurança jurídica e a desconfiança sobre a regularidade das distribuidoras podem causar retração de investimentos em infraestrutura e transporte de insumos agrícolas, pressionando custos no campo.