Café do Brasil é classificado como risco médio por desmatamento pela União Europeia

A classificação define os percentuais de fiscalização por parte das autoridades competentes da UE

Café do Brasil é classificado como risco médio por desmatamento pela União Europeia
Ilustrativa

A União Europeia (UE) publicou nesta quarta-feira (22) a classificação de risco por país no âmbito do novo Regulamento para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR). Como já vinha sendo antecipado pelo setor, o Brasil – incluindo o café – foi enquadrado na categoria de risco médio, o que impõe maior rigor nas auditorias e nos processos de devida diligência dos operadores econômicos que exportam ao bloco europeu.

A classificação define os percentuais de fiscalização por parte das autoridades competentes da UE: países de alto risco terão 9% dos volumes auditados; os de risco médio, como o Brasil, 3%; e os de baixo risco, apenas 1%. Além disso, apenas as nações consideradas de baixo risco poderão ter um processo de due diligence simplificado.

A medida tem implicações diretas sobre a competitividade do café brasileiro no mercado europeu, impactando custos logísticos e exigências operacionais. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a decisão acende um alerta, especialmente porque concorrentes como Vietnã, Índia, Costa Rica, Ruanda e Jamaica foram classificados como baixo risco.

Para o setor, o critério exclusivamente nacional adotado pela UE neste primeiro momento prejudica o Brasil, país de dimensões continentais e com regiões produtoras de café historicamente preservadas. A expectativa, no entanto, é de que o sistema evolua para um modelo regionalizado de avaliação de risco, possibilidade já admitida por representantes da Comissão Europeia.

“Com dados técnico-científicos robustos, o Brasil poderá demonstrar que sua cafeicultura, em especial nas regiões tradicionais de produção, apresenta risco muito inferior ao classificado hoje”, defendeu o Cecafé, que vem liderando os diálogos com autoridades europeias.

A entidade reforçou a importância de avançar na construção de uma base sólida de evidências, como o georreferenciamento em alta resolução do parque cafeeiro brasileiro. O objetivo é comprovar que os plantios estão em áreas sem desmatamento após dezembro de 2020 – marco definido pelo EUDR.

Além disso, o Cecafé também defende que os investimentos públicos em ações como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a implementação plena do Código Florestal e a integração de dados entre sistemas estaduais e federais sigam como prioridade.

Para o setor exportador, a conformidade com as exigências do EUDR é uma condição indispensável para manter o acesso a um dos mercados mais exigentes do mundo. Em 2023, a União Europeia respondeu por 39% da receita cambial do café brasileiro, com compras de mais de US$ 2 bilhões.

A entidade garantiu que manterá o trabalho diplomático junto às Direções-Gerais de Meio Ambiente e de Parcerias Internacionais da Comissão Europeia, a fim de buscar o reconhecimento do café brasileiro como produto de baixo risco, promovendo a sustentabilidade sem abrir mão da competitividade no comércio internacional.

 

Com informações do Cecafé
FONTE: Agro+
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