Laranjeiras viram trunfo climático com alto potencial de fixação de carbono

Cinturão citrícola de SP e MG estoca 8,4 milhões de toneladas de carbono, mostra estudo

Laranjeiras viram trunfo climático com alto potencial de fixação de carbono
Ilustrativa

As laranjeiras cultivadas no cinturão citrícola do Brasil — região que abrange o estado de São Paulo e o Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais — têm papel relevante na mitigação das mudanças climáticas.

Uma pesquisa da Embrapa Territorial e do Fundecitrus revelou que, em média, cada laranjeira fixa 4,28 quilos de carbono por ano em sua biomassa. Considerando a densidade dos pomares, estudo aponta que cada hectare de produção de frutas cítricas nessa região remove 2 toneladas de Carbono da atmosfera por ano, em média.

O estudo teve apoio do Fundo de Inovação para Agricultores da empresa britânica innocent drinks e foi publicado na revista científica Agrosystems, Geosciences & Environment.

“Ao retirar o gás carbônico (CO) da atmosfera por meio da fotossíntese, as laranjeiras fixam o carbono nas folhas, galhos, tronco e raízes, e também no solo, anualmente, com a decomposição de folhas, raízes finas e restos das podas", explica o pesquisador Lauro Rodrigues Nogueira Júnior, que continuou.

"Comparados a culturas como soja, milho e pastagens, os pomares de laranja têm uma capacidade muito maior de armazenar carbono, funcionando como um grande reservatório, o que contribui significativamente para a mitigação da mudança do clima."

Segundo os pesquisadores, cada laranjeira pode neutralizar o equivalente a 10 dias de emissões de gases de efeito estufa de um brasileiro. No total, estima-se que as 162 milhões de árvores com mais de três anos, plantadas em 337 mil hectares nos dois estados, armazenem cerca de 8,4 milhões de toneladas de carbono.

 

Medição detalhada em campo

A estimativa foi obtida a partir de um extenso trabalho de campo, com medições diretas em 80 árvores e coletas biométricas em mais de 1.300 laranjeiras de diferentes regiões do cinturão citrícola.

As informações alimentaram modelos matemáticos alométricos, com base em variáveis como altura, diâmetro do tronco e dos galhos, permitindo calcular com precisão a biomassa e o carbono fixado.

De acordo com o artigo, cada árvore armazena, em média, 52 quilos de carbono na biomassa viva. Isso equivale a 25 toneladas por hectare, número superior à estimativa de 21 toneladas por hectare adotada atualmente pelos inventários oficiais de gases de efeito estufa no Brasil.

“Os resultados apresentados pela pesquisa podem servir como uma linha de base do setor citrícola, melhorar as estimativas de emissões e apoiar mensurações de estoques de carbono em pomares de produtores e empresas que queiram acessar o mercado de carbono”, afirma Lauro.

Estoque total e ferramenta digital

Além da fixação anual, o estudo também calculou o estoque total de carbono no cinturão citrícola, somando a biomassa das árvores, o carbono orgânico do solo e a vegetação nativa preservada nas propriedades.

O resultado é expressivo: 36 milhões de toneladas de carbono estocadas, o que equivale a 133 milhões de toneladas de CO que deixaram de ser lançadas na atmosfera.

A Embrapa Territorial também desenvolveu um painel interativo online, reunindo os modelos alométricos criados na pesquisa. A ferramenta permite consultas por variedade e classe de idade das laranjeiras.

Produção aliada à biodiversidade

O levantamento mostrou ainda que os pomares comerciais também contribuem para a conservação da fauna. Em cinco propriedades analisadas, foram registradas mais de 300 espécies de animais silvestres, principalmente aves e mamíferos.

Segundo o Fundecitrus, as propriedades do cinturão citrícola mantêm quase 160 mil hectares de vegetação nativa preservada, reforçando o papel

FONTE: AgrofyNews
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