Mercado de leite mostra recuperação em 2025, mas setor ainda enfrenta desafios no comércio exterior

O mercado de leite e derivados no Brasil iniciou 2025 com sinais positivos em relação à valorização ao produtor e ao desempenho no varejo.

Mercado de leite mostra recuperação em 2025, mas setor ainda enfrenta desafios no comércio exterior
Ilustrativa

O mercado de leite e derivados no Brasil iniciou 2025 com sinais positivos em relação à valorização ao produtor e ao desempenho no varejo. De acordo com o Boletim “Indicadores Leite e Derivados”, publicado pela Embrapa Gado de Leite e pelo Centro de Inteligência do Leite (CILeite), o preço médio pago ao produtor em fevereiro foi de R$ 2,78 por litro — uma alta de 4,9% em relação a janeiro. No acumulado de 12 meses, o valor registra um avanço expressivo de 24,3%.

Apesar da valorização, a cadeia produtiva ainda enfrenta obstáculos, sobretudo no comércio exterior. As importações brasileiras de leite e derivados totalizaram 179 milhões de litros equivalentes em março, queda de 14,8% em relação a fevereiro, mas com leve alta de 2,7% na comparação anual. As exportações, por sua vez, cresceram 26,4% em relação ao mês anterior, somando 7,6 milhões de litros equivalentes — o que representa, porém, uma retração de 46,6% frente a março de 2024.

O saldo da balança comercial do setor segue negativo. No acumulado de 2025, o déficit é de US$ 256 milhões, com importações superando as exportações em um volume equivalente a 573 milhões de litros de leite.

Preço no varejo supera inflação

No consumo interno, o preço da cesta de lácteos no varejo subiu 2,1% em março, e acumula alta de 9,8% nos últimos 12 meses — quase o dobro da inflação oficial do país, que foi de 5,5% no período, segundo o IPCA. Os destaques foram o leite UHT, com alta mensal de 3,3%, e o queijo, com 1,5%.

A relação de troca entre leite e mistura (ração) apresentou leve melhora para o produtor em fevereiro, com necessidade de 33,4 litros de leite para aquisição de 60 kg de mistura — número inferior aos 36,8 litros registrados em fevereiro de 2024. Isso indica melhora no poder de compra dos pecuaristas, embora ainda em patamar que exige atenção.

Produção regional e preços internacionais

Os estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo lideraram o ranking de preços pagos ao produtor em fevereiro, com valores médios de R$ 2,87, R$ 2,84 e R$ 2,72 por litro, respectivamente. Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina aparecem em seguida, todos com média de R$ 2,68 a R$ 2,70/litro.

No mercado internacional, os preços do leite em pó deram sinais de recuperação. O leite em pó integral foi cotado a US$ 4.117 por tonelada, alta de 1,5% em abril frente a março. Já o leite em pó desnatado teve elevação de 3,6%, alcançando US$ 2.836 por tonelada, segundo dados do Global Dairy Trade.

Perspectivas

O boletim da Embrapa indica que, embora o setor lácteo brasileiro tenha iniciado o ano com valorização, o desempenho do comércio exterior e a pressão inflacionária ainda são desafios relevantes. A competitividade dos lácteos nacionais depende, entre outros fatores, de políticas de estímulo à produção, estratégias de agregação de valor e investimentos em produtividade e sanidade.

Enquanto isso, o consumidor continua enfrentando aumentos nos preços dos derivados lácteos, impulsionados por fatores como custo de produção, demanda interna e ajustes no mercado global.

Com informações da Embrapa Cileite
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