Tarifaço de Trump leva indústria do Paraná a fechar unidade e cortar empregos em outra planta

Com o fechamento, cerca de 130 trabalhadores foram demitidos

Tarifaço de Trump leva indústria do Paraná a fechar unidade e cortar empregos em outra planta
Ilustrativa

A indústria madeireira Millpar, que possui unidades em Guarapuava e Quedas do Iguaçu, no Paraná, anunciou o fechamento definitivo da planta em Quedas e a demissão de funcionários em ambas as cidades. 

A decisão ocorre após a aplicação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, medida anunciada pelo presidente Donald Trump no mês passado e que começou em agosto. A informação é do G1.

Segundo a empresa, a unidade de Quedas do Iguaçu já operava com capacidade reduzida e não resistiu ao impacto do chamado “tarifaço de Trump”, que elevou o tributo de 10% para 50% e comprometeu a competitividade das exportações de madeira para o mercado norte-americano,  principal destino dos produtos da Millpar.

Com o fechamento, cerca de 130 trabalhadores foram demitidos. Em nota, a empresa classificou a medida como “dolorosa, porém necessária” para garantir a sustentabilidade do negócio no longo prazo.

O prefeito de Quedas do Iguaçu, Rafael Moura, afirmou ao site Taroba que o encerramento representa uma grande perda para o município, mas destacou que há empresas com vagas abertas e investidores interessados em utilizar a estrutura da antiga indústria.

A Millpar fabrica produtos à base de madeira, como molduras, rodapés, forros, painéis, componentes para escadas, janelas e móveis. A maior parte da produção é destinada à exportação, com os Estados Unidos como principal mercado consumidor. 

Guarapuava segue ativa, mas com cortes 

A unidade de Guarapuava, considerada a principal da Millpar, continua em operação, porém com redução no quadro de funcionários.

Dos 1,1 mil empregados que a empresa possuía, 720 foram colocados em férias coletivas de 30 dias. Inicialmente, 640 trabalhadores seriam afetados, mas com a proximidade da nova taxação o número subiu para 65% dos colaboradores.

Ainda segundo a nota oficial, além dos direitos trabalhistas, os demitidos receberam benefícios adicionais, como auxílio-alimentação temporário, apoio psicológico e suporte para recolocação no mercado. 


Ao G1, o CEO da Millpar, Ettore Giacomet Basile, reconheceu o impacto social da decisão, mas afirmou que ela foi inevitável diante do novo cenário.

“Estamos tomando decisões extremamente difíceis, mas que se tornam necessárias neste momento para manter a sustentabilidade do negócio e preservar parcela significativa dos postos de trabalho”, disse.

Setor

Na semana passada, a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) pediu socorro e classificou como “ação paliativa” o pacote emergencial anunciado pelo governo federal para apoiar exportadoras afetadas pelo aumento das tarifas dos Estados Unidos.

A entidade reforça que a única solução de longo prazo é negociar com os EUA a redução das taxas, que hoje inviabilizam competitividade da madeira brasileira. O setor esta a beira de um colapso, diz a entidade.

A Abimci reforça a necessidade de negociações diretas com os EUA, lembrando que outros países conseguiram reverter tarifas por meio de diálogo e acordos comerciais precedentes. Sem reciprocidade, a crise na indústria madeireira brasileira tende a se agravar.